sábado, 7 de julho de 2007

Os eufemismos nazistas

Tópico: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=295037&tid=8169425

Os eufemismos nazistas desempenhavam uma importante função na desumanização do processo do Holocausto, bem como no convencimento das populações. Desde o começo, Hittler falou da necessidade de "purificação" e "limpeza" para livrar o Reich da "praga judia" e "desinfectar" a Alemanha do "bacilo judeu". Nos últimos anos da guerra, a questão judaica foi resolvida com a "solução final" (Endlösung), um eufemismo para o extermínio em massa. Usando termos como "eutanásia" e "morte piedosa", mascaravam o assassinato de inválidos - considerados não merecedores da vida.

Estes assassinatos tinham como finalidade razões sociais e não aliviar o sofrimento das vítimas, como pregado pelos nazistas. O "tratamento especial" (Sonderbehandlung) significava morte por gás. Os eufemismos eram utilizados nas "colônias de férias" (leia-se campos de extermínio) e para fazer referência a massacres realizados pelo Einsatzkommando. Ao invés de matar ou assassinar, expressões como "ação especial", "evacuação" e "assentamento" ocultavam os verdadeiros objetivos dos nazistas. "Custódia preventiva" (Schutzhaft) de inimigos significava prisão sem julgamento e por tempo indeterminado. "Distrito de residência judaica" (Jüdischer Wohnbezirk) era usado no lugar de gueto.

O leste e a "região de assentamento judaico" (Jüdischer Siedlungsgebiet) eram eufemismos para se referirem aos centros de extermínio na Polônia, da mesma forma como os campos de trabalho ou de prisioneiros de guerra. Ao entrarem em Auschwitz, os prisioneiros de guerra eram recebidos com a irônica frase "O trabalho liberta" (Arbeit macht frei). Dentro dos campos, as câmaras de gás e os fornos crematórios recebiam os nomes de "casa de banho" (Badeanstalten) e "instalações especiais" (Spezialeinrichtungen).
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Sonderwagen (veículos de gaseamento homicida) e as Sonderaktionen (ações especiais), mencionadas no diário do médico de Auschwitz, Dr. SS Johann Paul Kremer:

http://www1.jur.uva.nl/junsv/Excerpts/Kremer003.htm[http://www1.jur.uva.nl/junsv/Excerpts/Kremer003.htm[http://www1.jur.uva.nl/junsv/Excerpts/Kremer003.htm]

Texto em alemão: «Zum 1. Male draußen um 3 Uhr früh bei einer Sonderaktion zugegen. Im Vergleich hierzu erscheint mir das Dante'sche Inferno fast wie eine Komödie. Umsonst wird Auschwitz nicht das Lager der Vernichtung genannt!»

Tradução:«Hoje às 3 da manhã [estive] pela primeira vez presente numa ação especial lá fora. Em comparação com aquilo o Inferno de Dante parece-me quase uma comédia. Não é por nada que chamam Auschwitz o campo da destruição!»

Texto em alemão: «Heute mittag bei einer Sonderaktion aus dem F.K.L. („Muselmänner"): das Schrecklichste der Schrecken. Hschf. Thilo - Truppenarzt - hat Recht, wenn er mir heute sagte, wir befänden uns am anus mundi.»

Tradução: «Hoje ao meio dia numa ação especial do campo de concentração de mulheres (“muçulmanos”): o mais horrível dos horrores. O Hauptscharführer Thilo – médico da tropa – tem razão quando me disse hoje que nos encontramos no anus mundi.»

Pouco depois da guerra, o Dr. Kremer testemunhou sobre seu diário, numa audiência de 18/07/1947 em Cracóvia(Polônia), como pode ser encontrado na página 258 do livro "The Good Old Days: The Holocaust as Seen by Its Perpetrators and Bystanders", de Ernst Klee et al., publicado em 1991:

"Particularly unpleasant was the gassing of the emaciated women from the women's camp, who were generally known as 'Muslims'. I remember I once took part in the gassing of one of these groups of women. I cannot say how big the group was. When I got close to the bunker [I saw] them sitting on the ground. They were still clothed. As they were wearing worn-out camp clothing they were not left in the undressing hut but made to undress in the open air. I concluded from the behaviour of these women that they had no doubt what fate awaited them, as they begged and pleaded to the SS men to spare them their lives. However, they were herded into the gas chambers and gassed. As an anatomist I have seen a lot of terrible things: I had had a lot of experience with dead bodies, and yet what I saw that day was like nothing I had ever seen before. Still completely shocked by what I had seen I wrote in my diary on 5 September 1942: 'The most dreadful of horrors. Hauptscharführer Thilo was right when he said to me today that this is the anus mundi', the anal orifice of the world. I used this image because I could not imagine anything more disgusting and horrific." (publicado em 24/02/05).

Tradução: "Particularmente desagradável foi o gaseamento de mulheres esqueléticas do campo feminino, que eram geralmente conhecidas como "Muçulmanas". Eu me lembro que uma vez eu participei do gaseamento de um desses grupos de mulheres. Não posso dizer quão grande era o grupo. Quando eu cheguei perto do bunker, as [vi] sentadas no chão. Elas ainda estavam vestidas. Como elas elas estavam usando roupas surradas, elas não foram deixadas na cabana de despir, mas fizeram-nas despir-se ao ar livre. Eu concluí pelo comportamento dessas mulheres que elas não tinham dúvida sobre o destino que as aguardava, uma vez que elas imploravam e suplicavam aos homens SS que poupassem suas vidas. Entretanto, elas foram arrebanhadas para dentro das câmaras de gás e gaseadas. Como um anatomista eu tenho visto um monte de coisas horríveis: eu tenho tido muita experiência com cadáveres, e ainda assim o que vi naquele dia foi como nada que eu tivesse visto antes. Ainda completamente chocado pelo que eu tinha visto eu escrevi no meu diário em 5 de setembro de 1942: "o mais terrível dos horrores. O Sargento-Mestre Thilo estava certo quando ele me disse que este era o anus mundi.", o orifício anal do mundo. Eu usei essa imagem porque eu não pude imaginar nada mais nojento e terrível (publicado em 11/03/05).

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