sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Um presente de Boas Festas para Mattogno, Graf e Kues

Os membros do Holocaust Controversies preparam uma extensa crítica entitulada 'Belzec, Sobibor, Treblinka. Negação do Holocausto e a Operação Reinhard: uma crítica às falsificações de Mattogno, Graf e Kues'(Belzec, Sobibor, Treblinka. Holocaust Denial and Operation Reinhard: A Critique of the Falsehoods of Mattogno, Graf and Kues). É a primeira edição do documento, e os eventos de fundo que levaram a sua criação são discutidos na introdução. Publicaremos o trabalho inteiro como um arquivo PDF na internet dentro dos próximos 14 dias; mas primeiramente estamos lançando nossa atual versão do trabalho como uma série do blog, começando aqui. Não usamos um revisor profissional e estamos trabalhando neste projeto gratuitamente em nosso tempo livre, por isso gostaríamos de pedir a todos os leitores a dar suas opiniões, acerca de qualquer erro tipográfico ou de outros erros, nos comentários abaixo em cada artigo do blog. Incorporaremos quaisquer correções necessárias no PDF e nas versões subsequentes do documento.

Boas Festas e se divirtam!

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/12/holiday-gift-for-mattogno-graf-and-kues.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

Homenagem póstuma a Harry W. Mazal (1937-2011)

Como o Leo bem observou, só deu pra ficar a par do falecimento de Harry Mazal ao ler um dos posts recentes do Holocaust Controversies com uma dedicatória a ele. Fica aqui o agradecimento e reconhecimento à sua dedicação frente ao site The Holocaust History Project e à Mazal Library, como também pelo seu combate ao negacionismo do Holocausto. Descanse em paz.

Harry W. Mazal (10 de maio de 1937 - 22 de agosto de 2011)

Ele criou uma biblioteca amplamente usada em San Antonio
In Memory of Harry W. Mazal

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940

Documento criado em: 20 de julho de '06
Air & Space Power Journal Book Review - Primavera de 2007

Hitler's African Victims: The German Army Massacres of Black French Soldiers in 1940(As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940) por Raffael Scheck. Cambridge University Press (http://www.cambridge.org/us), 32 Avenue of the Americas, New York, New York 10013-2473, 2006, 216 páginas, $65,00 (capa dura).

Em "A Preface to History" de Carl G. Gustavson, o autor afirma que ao visualizar qualquer evento histórico, deve-se examinar e tentar compreender quaisquer e todas as influências profundas que levaram à ocorrência de um específico episódio, porque nunca tais eventos ocorrem em um vácuo e simplesmente não "apenas ocorrem". Pelo contrário, as situações sempre vão em movimento na esteira de outros acontecimentos. Em seu excelente livro "Hitler's African Victims", Raffael Scheck faz isto com perfeição e com grande efeito.

Professor adjunto de História Moderna da Europa no Colby College e titular PhD da Universidade de Brandeis, Scheck é autor dos livros "Alfred von Tirpitz and German Right Wing Politics, 1914–1930"(Alfred von Tirpitz e as políticas alemãs de extrema-direita, 1914-1930) e "Mothers of the Nation: Right-Wing Women in Weimar Germany"(Mães da Nação: as mulheres de extrema-direita na República de Weimar), juntamente com vários artigos sobre políticas da extrema-direita alemã. Em Hitler’s African Victims, Scheck traz à luz uma área da história que até agora as pessoas, ou intencionalmente teriam ignorado ou, infelizmente, esquecido.

Durante o desesperado verão de 1940, as forças alemãs avançaram largamente, sem contenção, sobre a Europa Ocidental. Um dos muitos países a sentir a fúria do exército de Hitler foi a França. Ardendo com um intenso desejo de vingança pelas abominações impostas ao povo alemão - o Tratado de Versailles - Hitler e seus asseclas assumiram uma atitude especial para impôr uma rápida e humilhante rendição à França. As fileiras do exército francês alistaram mais de 100.000 soldados negros os quais os franceses haviam recrutado e mobilizado a partir de áreas da Mauritânia, Senegal e Níger, na África Ocidental Francesa, colocando-os em regimentos só negros ou mestiços e em seguida tornando-os parte das divisões da Infantaria Colonial. Durante a árdua batalha contra os alemães, estes soldados africanos - muitas vezes armados com os temidos coupe-coupe(facões) de lâmina longa, com os quais eles abriam caminho através dos soldados inimigos no combate corpo a corpo - viram-se confrontados com o melhor que os alemães poderiam reunir. Raramente se ouve a história das perdas que os africanos impuseram aos alemães.

Tragicamente, durante o período de luta mais difícil na campanha da França, acima de 3.000 desses prisioneiros Tirailleurs Senegalais foram evidentemente massacrados por soldados alemães. O assassinato de prisioneiros inimogos - por membros de ambos os lados - ocorreu durante a guerra, mas o grande número de perdas cometidas pelos Tirailleurs durante em um período relativamente curto de tempo levanta sérias questões. O autor faz um trabalho magistral de extraordinária e coerente informação do acontecimento para explicar as circunstâncias que cercam esses massacres.

Como parte de sua análise, Scheck discusses muitos aspectos da história do racismo na Alemanha que provavelmente levaram a atitudes predominantes dentro da sociedade nazista daquele tempo — por exemplo, o que ficou conhecido como "Terror Negro"(Black Horror), envolvendo o estacionamento de soldados negros na Renânia logo após a Primeira Guerra. Vários incidentes ocorreram entre estes soldados e a população nativa, especialmente os nascimentos de muitas crianças mestiças. Estarrecida, a liderança nazi pediu pela esterelização forçada destas crianças e a propaganda alemã trabalhava a exaustão para retratar negros como selvagens e "loucos pervertidos sexuais". Por conta destes esforços, uma forte fundação antinegra surgiu na nova Alemanha. Da mesma forma, como um poder colonial na África (1904–1907), a Alemanha eliminou mais de 150.000 negros durante uma série de levantes. Além disso, os alemães deram tratamento similar ao dos negros apanhados lutando pela União durante a Guerra Civil Norte-Americana, bem como o tratamento dos EUA a mexicanos, norte-americanos nativos e filipinos durante os conflitos com esses povos.

Todos esses fatores ajudaram a criar uma atmosfera propícia para cometer as atrocidades descritas neste livro. O autor explica eloqüentemente conceitos tais como o critério para o massacre sancionado e cinco fatores situacionais que conduziram ao assassínio de prisioneiros negros. Curiosamente, a pesquisa de Scheck revelou que quando tudo estiver dito e feito, aparentemente nenhuma diretiva do governo alemão ordenou que os soldados matassem esses prisioneiros. Muito provavelmente, a ferocidade da batalha, o racismo latente e os efeitos de terem visto colegas soldados mortos em combate - muitos cortados e separados por africanos ocidentais armados a faca - combinaram para motivar os alemães a agir como agiram. Na verdade, muitas unidades alemãs se recusaram a matar os prisioneiros negros absolutamente, e depois de agosto de 1940 - o período mais desesperador para alemães e franceses - pouco ou nenhum assassinato de prisioneiros ocorreu.

Apesar deu tecer louvores a este livro, eu tenho algumas discordâncias com o autor. Scheck afirma que os alemães iriam "atirar imediatamente nos negros dispersos sem lhes dar a oportunidade de se render. Isto era ilegal como um massacre, mas mais fácil para encobrir. . . . A prática de não dar alojamentos a soldados negros, embora ilegal, foi certamente facilitada pelo fato de que as disposições legais para se render poderiam ser difíceis de se aplicar no combate corpo a corpo"(páginas 61 e 66). De acordo com a Lei de Conflito Armado, no entanto, não é ilegal matar soldados em fuga ou dispersar os soldados. Só depois deles terem se rendido e o inimigo tomar o controle deles, eles se tornariam imunes de serem mortos. Da mesma forma, é legal dizimar toda formações de soldados inimigos - por não matá-los hoje, em vez de tê-los que enfrentar amanhã. Apesar de ser "descortês" poder matar soldados em fuga ou dizimar uma formação inteira inimiga, continua a ser perfeitamente aceitável e legal fazê-lo.

No geral, os pontos de menor importância em nada diminuem o grosso deste excelente livro. Não é sempre que se encontra um estudo da Segunda Guerra Mundial que revela uma página inteiramente nova da história. Completo com dez fotografias, quatro páginas de tabelas que descrevem os assassinatos e um mapa das áreas em questão, Hitler's African Victims deixa sua marca como uma importante contribuição para uma já desordenada história da guerra.

Tenente-Coronel Robert F. Tate, FAEUA(USAFR)
Base(AFB) de Maxwell, Alabama

Aviso

As conclusões e opiniões expressas neste documento são as que o autor manifesta de acordo com sua liberdade de expressão e no ambiente acadêmido da Academia da Força Aérea(Air University). Elas não refletem a posição oficial do Governo dos EUA, do Departamento de Defesa, da Força Aérea dos EUA ou da Academia da Força Aérea(Air University).

Fonte: Air & Space Power Journal Book Review(da Academia da Força Aérea dos EUA)
http://www.airpower.au.af.mil/airchronicles/bookrev/scheck.html
Tradução: Roberto Lucena

Ler também:
Crescendo negro na Alemanha nazista
Negros alemães vítimas do Holocausto
Mais apontamentos do racismo nazi
O racismo nazista nas palavras dos próprios nazistas
A Fazenda Nazista no Brasil e o emprego de trabalho escravo - rastros deixados pelos nazistas no país

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A força da palavra genocídio

A força da palavra genocídio
Data de publicação : 23 Dezembro 2011 - 7:34pm | Por Klaas den Tek (Foto: ANP)

Assuntos relacionados: Direito Internacional França genocídio armênio Turquia

A tensão entre Turquia e França está elevada agora que o parlamento francês aprovou uma lei que torna punível a negação do genocídio armênio pelos turcos (1915-1916). O primeiro-ministro turco Tayyip Erdogan, por sua vez, culpa a França de genocídio na Argélia após a Segunda Guerra Mundial. Assim que surge a palavra genocídio, as emoções em geral se elevam.

Genocídio. É um dos termos mais pesados do direito internacional. É o maior crime contra a humanidade. Uma grande e indelével mancha na história de um país. Quem pensa em genocídio pensa, automaticamente, nas horríveis imagens do holocausto. Ou no terrível massacre em Ruanda em 1994.

Assassinatos em massa

O jurista e linguista polonês Raphael Lemkin introduziu o termo genocídio em 1944 em seu livro ‘Axis Rule in Occupied Europe’. O termo foi utilizado durante os processos de Nuremberg, onde líderes nazistas foram julgados pelas atrocidades da Segunda Guerra Mundial. Em 1948 as Nações Unidas estabeleceram a Convenção sobre Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. Por influência do ditador russo Jozef Stalin, o massacre de grupos políticos não foi incluído na definição.
Artigos relacionados

Segundo Thijs Bouwknegt, do Instituto Holandês para Documentação de Guerra (NIOD), a palavra genocídio é claramente definida juridicamente: “Trata-se na verdade do ataque a quatro grupos: nacional, étnico, racial e religioso. Será genocídio se um destes grupos for massacrado ou expulso do país. E este último caso foi o que aconteceu com os armênios em 1915. Eles foram deportados em grande escala pelo regime otomano.”

Genocídio

Nos últimos anos fala-se com frequência sobre genocídio em conflitos. Opositores do ex-líder líbio Muamar Kadhafi logo falaram de genocídio no país. O termo também aparece quando se fala na violência usada pelo presidente sírio Bashar al-Assad contra manifestantes. Larissa van den Herik, professora de Direito Público Internacional na Universidade de Leiden, vê um motivo importante para isso:

“O termo é usado com frequência porque faz um apelo imperativo para que a comunidade internacional intervenha. Genocídio é o pior que pode acontecer. É usado como arma política. Frequentemente já não se olha objetivamente os fatos, mas dá-se uma carga emocional. O perigo é que o conceito perca sua força.”

Juízes internacionais

Segundo Van den Herik, os juízes e promotores internacionais têm consciência desse perigo. Nas acusações não se fala de genocídio gratuitamente. Há espaço para outros crimes. Além disso, o genocídio muitas vezes é difícil de ser provado. Nos últimos anos, os juízes comprovaram genocídio apenas em Ruanda e na antiga Iugoslávia.

Thijs Bouwknegt, do NIOD: “É preciso não só provar que um grande grupo foi eliminado ou está sendo vítima de alguma maneira, mas também precisa-se comprovar que ele pertence a um dos quatro grupos. Há um enorme fardo para as provas.”

Internacionalmente ainda correm casos de genocídio. No Tribunal do Camboja, por exemplo, alguns líderes do Khmer Vermelho estão sendo julgados por genocídio. Trata-se aqui do extermínio de um grupo nacional e religioso. O Khmer Vermelho teria exterminado dois grupos nos anos ’70: a minoria vietnamita e os islamitas Cham.

Negação

Em alguns países, mesmo a negação de um genocídio é um ato que vai longe demais para as autoridades. Na Holanda o holocausto não pode ser negado. Quem o faz pode ser processado. A França é agora o único país europeu onde o genocídio armênio não pode mais ser negado. Fica a dúvida se países como Holanda e Alemanha a seguirão.

Van den Herik: “Nos dois países vive uma grande comunidade turca que não se quer ofender com uma proibição assim. Mas não seria errado impor uma pressão extra sobre a Turquia. É sempre bom olhar honestamente para o passado.”

De qualquer forma, primeiro seria preciso apresentar um projeto ao parlamento. E a questão é: depois da reação feroz de Ankara, qual governo ainda se atreve a tocar nesta ferida.

Fonte: Radio Nerderland
http://www.rnw.nl/portugues/article/a-for%C3%A7a-da-palavra-genoc%C3%ADdio

Ver mais:
Tensão com França remete à candidatura da Turquia à UE (AFP/EFE/Reuters, Terra)
Presidente turco pede para França deixar mediação no Cáucaso (Terra/EFE)
Pró-turcos pirateiam site de deputada francesa que propôs lei sobre genocídio armênio (acrítica.com, Portugal)
«Hackers» atacam site de deputada francesa (abola.pt, Portugal)
Turquia retira diplomata de Paris por lei do genocídio armênio (Diário de Pernambuco)
Genocídio armênio: Turquia acusa Sarkozy de manobra eleitoralista (euronews)
Erdogan acusa franceses de genocídio na Argélia (DN, Portugal)
“Sarkozy que pergunte ao pai sobre os massacres na Argélia” (euronews)
Erdogan acusa França de genocídio argelino (Público, Portugal)
Armênios saúdam lei francesa sobre o “genocídio” (euronews)

sábado, 24 de dezembro de 2011

Quick Facts: "Tratamento Especial" (Sonderbehandlung)

1) - Negadores do Holocausto alegam que “tratamento especial” não significa “matar”, mas na verdade significava algo muito mais benigno. Eles também alegam que qualquer um que admitiu que “tratamento especial” significava “matar”, foi torturado pelos Aliados.

2) – No entanto neste Quick Facts – nas palavras dos próprios nazistas – mostram que “tratamento especial” claramente queria dizer “matar”. Estas declarações foram feitas pelos nazistas muito antes do questionamento dos Aliados.

Aqui temos o que Reinhard Heydrich, Chefe do Gabinete de Segurança do Reich e responsável pela “questão judaica” disse sobre “Sonderbehandlung” em 1939. Em 20 de setembro de 1939 Heydrich enviou um telegrama às sedes regionais e sub-sedes da Gestapo sobre os “princípios básicos de segurança interna durante a guerra”. (Lembrando que Heydrich foi assassinado em 1942, muitos antes das [supostas] torturas dos russos ou americanos para que ele escrevesse isso):



Zur Beseitigung aller Mißverständnisse teile ich folgendes mit: ...ist zu unterscheiden zwischen solchen, die auf dem bisher üblichen Wege erledigt werden können, und solchen, welche einer Sonderbehandlung zugeführt werden müssen. Im letzteren Falle handelt es sich um solche Sachverhalte, die hinsichtlich ihrer Verwerflichkeit, ihrer Gefährlichkeit oder ihrer propagandistischen Auswirkung geeignet sind, ohne Ansehung der Person durch rücksichtloses Vorgehen (nämlich durch Exekution) ausgemerzt zu werden.



[Tradução]


Para esclarecer todos os mal-entendidos, informo o seguinte:
...uma diferenciação deve ser feita entre aqueles que podem ser finalizados no caminho até então usual, e aqueles a quem se aplica um tratamento especial. Neste último caso, estamos lidando com circunstâncias que por causa de sua degradação, o perigo ou suas consequências para a propaganda, é apropriado sem levar em conta a pessoa, para eliminá-los através de um procedimento cruel (nomeadamente execução).


Nuremberg Document 1944-PS

E aqui é o que Heinrich Himmler escreveu em 20 de fevereiro de 1942 em uma ordem secreta para os Agentes da Polícia de Segurança e do SD em relação aos trabalhadores do leste, mais uma vez, muito antes dos americanos e russos saberem sobre:



Bekämpfung der Diziplinwidrigkeit
(4) In besonders schweren Fällen ist beim Reichsicherheitshauptamt Sonderbehandlung unter Angabe der Personalien und des genauen Tatbestandes zu beantragen.
(5) Die Sonderbehandlung erfolgt durch den Strang.


[Tradução]

Combate para disciplinar

(4) Em casos especialmente graves, o tratamento especial deve ser solicitado ao Escritório de Segurança do Reich para a transmissão das informações e dos fatos exatos do caso.

(5) O tratamento especial acontece por enforcamento.

Nuremberg Document 3040-PS


"As execuções não devem ser realizadas no campo...Se os campos do Governo Geral estão localizados nas imediações da fronteira as medidas para os prisioneiros devem ser tomadas se possível no território da antiga União Soviética para tratamento especial.”

Nuremberg Document 502-PS

Em 1943, Himmler tinha tanta certeza de que quase todo mundo tinha entendido o significado da palavra “Sonderbehandlung”, que ele ordenou a substituição no secreto Korherr Report sobre a Solução Final para a Questão Judaica. Korherr tinha usado a palavra na página 9 do documento. Aqui está o que ele recebeu do assistente de Himmler:



Der Reichsführer-SS hat Ihren statistischen Bericht über "Die Endlösung der europäischen Judenfrage" erhalten. Er wünscht, daß an keiner Stelle von "Sonderbehandlung der Juden" gesprochen wird. Auf Seite 9 muß es folgerndermaßen heißen:



"Transportierung von Juden aus den Ostprovinzen nach dem russichen Osten:


Es wurden durchgeschleustdurch die Lager im Generalgouvernement...durch die Lager im Warthegau..."



Eine andere Formulierung darf nicht genommen werden...

[tradução]

O Reichsführer-SS recebeu o seu relatório sobre a “Solução Final para a Questão Judaica Européia”. Ele deseja que “o tratamento especial dos judeus” não seja mencionado em qualquer lugar. A página 9, deve ser reformulada da seguinte forma:

“Eles foram guiados

através dos campos no Governo Geral


através dos campos de Warthegau [uma das províncias da Polônia ocupada]

Nenhuma outra formulação deve ser empregada.


Bundesarchiv, Signatu NS (neu) 1570

Todas as citações de Eugen Kogon, Hermann Langbein et al, Nationalsozialistische Massentötungen durch Giftgas, Taschenbuch Fischer Verlag, Frankfurt am Main, 1995.

O texto completo do Relatório Korherr em Alemão e Inglês pode ser encontrado em: http://www.mazal.org/Klarsfeld/Mythomania/T165.htm

Fonte: The Holocaust History Project (THHP)
Link:
http://www.holocaust-history.org/quick-facts/special-treatment.shtml
Tradução: Leo Gott

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A concessão fatal de Mattogno: o assassinato de poloneses tuberculosos

Mattogno fez esta concessão acerca dos poloneses tuberculosos:
Em 01 de maio de 1942 (NO-246), o Gauleiter Greiser propôs a Himmler que os matasse. [MGK, Sobibór, p.280 n.850.].
Isto é fatal para Mattogno porque esses assassinatos eram referentes ao Sonderbehandlung("tratamento especial" link 1, link 2) feito por Greiser, Himmler, Koppe e Blome na série de documentos mostrados aqui e devido ao fato de que Greiser tinha usado o Sonderbehandlung em NO-246 para se referir a "100.000 judeus na área da minha região(Gau)." Slam, dunk (Enterrada).

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/12/mattognos-fatal-concession-killing-of.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 17 de dezembro de 2011

Discurso de Himmler no mesmo dia do massacre de Lídice

Como o Dr. Lindtner aponta [1], Himmler afirmou em 09.06.42: "Die Völkerwanderung der Juden werden wir in einem Jahr bestimmt fertig haben, dann wandert keiner mehr."(Sobre a migração dos judeus, devemos terminá-la dentro de um ano e então não haverá mais migrações). Deve ser ressaltado que isto ocorreu um dia depois do funeral de Heydrich e no mesmo dia do massacre em Lídice(em português); em 10 de junho, 1.000 judeus foram deportados de Praga para Majdanek. Assim, não há dúvidas quanto ao significado do que Himmler disse quando usou a frase "dann wandert keiner mehr"(e então não haverá mais migrações).

Fonte: Holocaust Controversies
Título original: Himmler's Speech on the same day as Lidice
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/12/himmlers-speech-on-same-day-as-lidice.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

[1] Complemento: comentário do Dr. Lindtner na caixa de comentários do blog Holocaust Controversies, que consta do texto acima como link, sobre o discurso de Himmler. Comentário traduzido pro português. Link:
Holocaust Denial is Chutzpah(Dr. Lindtner) disse...

"...dann wandert keiner mehr"

A fim de defender a desesperada afirmação de que a Judenpolitik(política judaica) de Hitler/Himmler eram campos de "trânsito", e não destruição/extermínio físico(Vernichtung), Faurisson, em seu blog, em 20 de junho de 2011, cita esta sentença do discurso dado por Himmler na Haus der Flieger(Câmara dos Pilotos), em 09 de junho de 1942 (Geheimreden..., 1974, p.159): "Die Völkerwanderung der Juden werden wir in einem Jahr bestimmt fertig haben, dann wandert keiner mehr" (Sobre a migração dos judeus, devemos terminá-la dentro de um ano e então não haverá mais migrações).

Como Graf et.al.(e outros), Faurisson esquece de nos dizer onde e como esta Völkerwanderungs(migração forçada) iria acabar. O que Himmler quis dizer em suas quatro últimas palavras, "dann wandert keiner mehr"(e então não haverá mais migrações)?- A resposta foi dada pelo próprio RFSS(Reichsfuehrer SS), por exemplo, em Posen, em 06 de outubro de 1943 (ibid. pág. 169): "Es musste der schwere Entschluss gefasst werden, dieses Volk von der Erde verschwinden zu lassen" (Se faz necessário tomar uma decisão séria pra fazer este povo desaparecer da face da Terra).

Claramente, Faurisson, Graf e outros, não estão interessados em descobrir "o que realmente aconteceu". Do contrário eles não poderiam ter ignorado isto e várias outras passagens claras com o mesmo efeito.

Mortos dificilmente levantam de seus túmulos.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Histórias Curtas - Dona Hertha, 26/11/2011 - Holocausto

Por indicação de Dalva, segue abaixo o curta documentário com a história de D. Hertha Spier, sobrevivente do Holocausto que vive no Brasil.

Sinopse do documentário: Hertha Spier é uma sobrevivente do Holocausto que vive em Porto Alegre. Tem 93 anos. Depois de passar por três campos de concentração nazistas, ela refez sua vida e recuperou-se do sofrimento de perder familiares e amigos durante a 2ª Guerra Mundial, construindo uma nova família.

Duração: 16'05"

Trailer



Página do vídeo:
http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=1&contentID=225902&channel=45

domingo, 11 de dezembro de 2011

Outro 'campo de trânsito': Hinzert

O ITS tem uma página excelente sobre Hinzert aqui. Como Soldau, Hinzert era um 'campo de trânsito' que conduziu a morte de centenas de pessoas. Também extraíram ouro dos dentes de suas vítimas, como foi relatado pelo comandante de campo Sporrenberg em NO-1000 aqui. Um estudo de Hinzert, de Volker Schneider, pode ser acessado aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/12/another-transit-camp-hinzert.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Soldau

Otto Rasch deu uma declaração à SS em Berlim, em junho de 1943, em que descreveu as funções de Soldau. O testemunho, que se encontra aqui, afirma que o propósito original de Soldau era liquidar prisioneiros políticos poloneses discretamente. Rasch também afirma (pág. 3) que Soldau foi posteriormente usado para matar doentes mentais, como também está documentado em NO-2908.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/12/soldau.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 4 de dezembro de 2011

Males que nunca acabam

Colóquio internacional relembra os 50 anos do julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann em Jerusalém. Os debates gravitaram em torno da intolerância e violência dos tempos atuais.

Por: Luan Galani
Publicado em 28/11/2011 | Atualizado em 28/11/2011
Tribunal de Jerusalém onde Karl Eichmann foi julgado e sentenciado à forca em 1961.
(foto: Memorial Norte-americano do Holocausto/ Departamento de Imprensa do Governo de Israel)


Há 50 anos o tenente-coronel nazista Karl Adolf Eichmann (1906-1962) era levado ao banco de réus pelo Estado de Israel. Chefe da polícia secreta nazista responsável pela identificação e transporte de pessoas para campos de concentração, Eichmann entrou para a história como executor-chefe dos assassinatos em massa do terceiro Reich. Acusado de 15 crimes e considerado culpado por todos eles, foi sentenciado à forca.

A fim de manter viva a discussão sobre intolerância, o Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR) organizou, em meados desse mês, em Curitiba, o colóquio internacional ‘Eichmann em Jerusalém: 50 anos depois’.

“Não podemos relegar ao esquecimento esse momento histórico que marcou a humanidade e que nos impulsiona a refletir sobre as diferenças”, disse a historiadora e organizadora do evento, Marion Brepohl, da UFPR.

Arma de propaganda

Segundo Brepohl, o julgamento serviu aos interesses políticos daquele momento. “Há tempos os israelenses sabiam que Eichmann estava na Argentina, mas só o capturaram naquele ano porque os pagamentos das reparações feitas pelos alemães estavam chegando ao fim”, disse.

O primeiro ministro de Israel, David Ben-Gurion (1886-1973), e o chanceler da República Federal da Alemanha, Konrad Adenauer (1876-1967), acordaram em usar Eichmann como arma de propaganda, transformando o julgamento em espetáculo.

“O julgamento demonizou Eichmann para evitar expor o passado de alguns membros do governo alemão da época que haviam sido cúmplices do nazismo, como Hans Globke, conselheiro de Adenauer”, destacou Brepohl.
David Ben-Gurion (à esq.) e Konrad Adenauer se encontram em Nova Iorque
em março de 1960. Segundo historiadores, o julgamento de Eichmann serviu de instrumento
político para ambos os dirigentes. (foto: Centro de Pesquisas sobre a História Alemã)

Em troca, a Alemanha forneceria equipamento militar a Israel. Foi o que aconteceu em 1962, quando Adenauer aprovou ajuda militar a Israel de 240 milhões de marcos.

Homem comum

Segundo a jurista Vera Karam de Chueri, da UFPR, durante o julgamento Eichmann não se mostrou o mais convicto dos nazistas. Era um homem comum, organizado e ávido por ascensão social. Ressentia-se do fato de ter sido tirado da escola pelo pai devido a seu baixo rendimento e quando foi demitido do emprego em 1932 aceitou ingressar no partido e depois na carreira militar.

Serviu como cabo no campo de concentração de Dachau e teria se destacado pelo espírito metódico e disciplinar. Apesar de responsável pela logística dos campos de concentração, sustentou que jamais matou um judeu.

“A burocracia e a tradição de acatar ordens cegamente o transformaram naquele homem que, com a mesma naturalidade, mandava empilhar corpos de manhã e, à tarde, jogava dominó com os filhos”, enfatizou Karam.

Com o fim da guerra, Eichmann foi preso por tropas norte-americanas. Mas conseguiu fugir e se instalar na Argentina a partir de 1950 sob o codinome Ricardo Clement.

Karl Adolf Eichmann em prisão israelense de Jerusalém durante
o período de seu julgamento. (foto: Tiergartenstrasse 4 Association)

Mais atual que nunca

Engana-se quem pensa que intolerância a diferenças é coisa do passado na Europa. Prova disso são o caso do político holandês Geert Wilders, que comparou o Alcorão ao Mein Kampf, de Adolf Hitler, e o recente relatório do governo alemão que revela a existência de antissemitismo latente em cerca de 20% da população da Alemanha.

E os contornos dessa situação – por si só embaraçosa – ganham traços assustadores com a descoberta pelo serviço de inteligência alemão de que grupos políticos da extrema direita são responsáveis por vários assassinatos de imigrantes durante os últimos 13 anos, principalmente no estado da Saxônia, no sudeste do país.
Haroche: “Direitos humanos, liberdades e até o estado democrático, nada está garantido para sempre. Temos que lutar diariamente por tudo isso, sem tréguas
Diante disso, a socióloga francesa Claudine Haroche, do Centro Nacional de Pesquisa Científica, em Paris, afirmou que nenhuma de nossas conquistas está assegurada. “Direitos humanos, liberdades e até o estado democrático, nada está garantido para sempre”, ressaltou. “Temos que lutar diariamente por tudo isso, sem tréguas.”

“Rememorar o julgamento de Eichmann – e consequentemente outras questões ligadas ao tema – faz parte dessa luta”, disse o sociólogo Sérgio Adorno, da Universidade de São Paulo, corroborando a tese de Haroche.

Segundo Adorno, que traçou um perfil da violência moderna e contemporânea, a tortura não foi erradicada de nossas sociedades, embora seja condenada desde o século 18. Como exemplos ele citou a prisão de Abu Ghraib, no Iraque, e a repressão aos protestos libertários no Bahrein e em outros países árabes, que desrespeitam vários acordos internacionais.

“Não há hoje intelectuais que defendam o emprego de meios violentos para garantir liberdade e justiça social”, disse Adorno. “Por outro lado”, ponderou, “são poucos os intelectuais que denunciam o emprego da tortura contra suspeitos de envolvimento em atos terroristas”.

Para o sociólogo da USP, essa anestesia moral era típica dos burocratas nazistas, como Eichmann. E recomendou: “Vigiemos constantemente nosso comportamento, para evitar que desenvolvamos o Eichmann que temos dentro de nós”.

Luan Galani
Especial para a CH On-line/ PR

Fonte: Ciência Hoje
http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/11/males-que-nunca-se-acabam

Ver mais:
West Germany's Efforts to Influence the Eichmann Trial (Spiegel Online, Alemanha)

sábado, 3 de dezembro de 2011

Sobre foruns e e-mail

Primeiramente, um pedido de desculpas muito atrasado a todos os que perderam o contato pelo e-mail do blog pois não foi possível responder a todos e as mensagens enviadas, como continua não sendo possível fazer isso. Por esta razão houve uma remoção do e-mail que constava no blog ficando a área de comentários disponível para a comunicação.

Aproveitando o post, uma vez surgiu um comentário anônimo interessante aqui no blog quando foram liberados os comentários anônimos(opção cortada), com uma chamada para fóruns de "discussão" com "revis" e a mensagem deveria ser respondida na ocasião mas não foi possível, mas nunca é tarde para comentar.

A mensagem foi dirigida ao Leo mas o comentário que irei fazer é pertinente ao que foi citado: eu não participo de fóruns de "discussão" com "revis" brasileiros, se alguém tem dúvida sobre "revisionismo" pode comentar no blog, mas constatando, há material negacionista suficiente na rede para as pessoas retrucarem e apontarem as distorções desse credo fascista. O nível de "discussão"(se é que dá pra chamá-la de discussão) dos "revis" brasileiros(vulgo credo de extrema-direita que por vezes tem ajuda de gente de extrema-esquerda 'alucinada' com conflitos no Oriente Médio) é sofrível, quando não, desprezível. Isso levando em conta que os "revis" 'gringos'(gurus ou não) não são lá grande coisa.

Se alguém quer entrar em fóruns de discussão com esse pessoal("revis"), saiba responder os ataques que eles fazem e aguentem o tranco, se não conseguem respondê-los e forem apenas ficar como saco de pancada pra eles "baterem" é melhor ficar bem longe deles. Se por acaso também a pessoa for ficar irritada e/ou afetada com todo tipo de asneira que esse tipo de idiota escreve(e pode ter certeza que eles irão escrever bastante ASNEIRA, mensagens de cunho preconceituoso e afins), é melhor também se manter distante desses fóruns e desse tipo de discussão.

A mensagem acima foi dirigida ao pessoal 'mais' afoito, que sempre acha que dobra esse tipo de extremista trombando de frente com eles de qualquer forma, xingando etc: não queiram bancar o "herói" ou "justiceiro"(ler 1, 2, 3, 4) trombando de qualquer jeito com este tipo de bando, na maioria das vezes em que pessoas se meteram a fazer isso sem nem ter ideia do que discutem, só fizeram besteira e acabaram ajudando a proliferar e organizar esse tipo de porcaria(extremismo) na rede. É só verem o caso do Orkut(rede social ainda popular no Brasil), que ficou estigmatizado com a proliferação desses bandos muito por conta também desse "ativismo" antifascista irresponsável e inconsequente.

E para quem não "entendeu" o comentário, favor ler estes textos(em inglês), parte 1 parte 2. Favor também ler isso, isso e isso em português sobre a questão.

Destaco uma parte:
Dificilmente teremos condições de discutir com os próprios defensores da negação, dado o ponto ao qual eles chegaram, enterrando a si próprios numa atitude de isolamento e encapsulamento. Tendo em vista essa atitude, pouco temos a dizer aos revisionistas; e, certamente, pelas razões que já expus, pouco ou quase nada eles têm a dizer-nos, pesquisadores do tema do Holocausto e do nacional-socialismo.[1]
[1] "Não ignorar, e sim esclarecer!", Neonazismo, negacionismo e extremismo político; (Coord. Luis Milman e Paulo Fagundes Vizentini); Autor do texto: Díetfrid Krause-Vilmar, link.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Site oficial do Museu do Holocausto de Curitiba está no ar

O site oficial do Museu do Holocausto de Curitiba já está disponível, no endereço www.museudoholocausto.org.br. Primeiro do gênero no Brasil, o Museu é uma iniciativa da Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, presidida por Miguel Krigsner, e da comunidade judaica na capital paranaense.

O site disponibiliza aos internautas todas as informações referentes ao Museu: horários de funcionamento, atividades educacionais, notícias, artigos, visita virtual, testemunhos da comunidade judaica, links para as redes sociais, memória, agendamento de visitas a partir do dia 12 de fevereiro de 2012, e também um espaço para doações de materiais que tenham relação com a identidade do espaço. Alguns links ainda estão em fase final de construção e entrarão no ar nos próximos dias.

Familiares de vítimas do Holocausto e pessoas que tenham objetos, fotos e documentos desse fato histórico e desejarem doar ao Museu podem ter acesso aos procedimentos pelo site.

O Museu do Holocausto de Curitiba será aberto ao público no dia 12 de fevereiro de 2012, e a partir dessa data, as visitas poderão ser feitas individualmente ou em grupos, em dias e horários previamente agendados pelo site ou pelos telefones (41) 3093-7462/ 3093-7461.

Serviço:
Museu do Holocausto de Curitiba (em funcionamento a partir de 12/02/2012).
Rua Cel. Agostinho de Macedo, 248, Bom Retiro. Curitiba - PR.
Telefones do museu: (41) 3093-7462 e (41) 3093-7461.
Site: www.museudoholocausto.org.br.

Fonte: ParanáOnline
http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/577590/?noticia=SITE+OFICIAL+DO+MUSEU+DO+HOLOCAUSTO+DE+CURITIBA+ESTA+NO+AR

Site: http://www.museudoholocausto.org.br/

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ditadura argentina copiou método nazista para roubar bebês, diz historiador

A ditadura instalada na Argentina entre 1976 e 1983 utilizou um método idealizado pelo nazismo para o roubo de bebês e a substituição de sua identidade, disse à Agência Efe o historiador e escritor Carlos De Nápoli.

De Nápoli, que nesta quarta-feira (23) apresenta no Museu do Holocausto de Buenos Aires um documentário sobre a vida do criminoso de guerra nazista Josef Mengele na Argentina, explicou que o programa de roubo de bebês foi executado pelo Escritório Principal para a Raça e o Reassentamento (RUSHA).

Essa organização tinha, entre outros objetivos, o "de assassinar todas as minorias consideradas impuras e indesejáveis".

Nesse sentido, o escritor antecipou que nos próximos dias pedirá aos juízes argentinos que tramitam causas sobre roubo de bebês durante a ditadura que incorporem como antecedente um julgamento realizado em Nuremberg em 1949, que tratou deste método.

Organizações humanitárias argentinas calculam que cerca de 500 bebês foram roubados pelo regime militar nos denominados "anos de chumbo".

De Nápoli, autor de vários livros sobre o nazismo, disse que este processo judicial em Nuremberg, que é pouco conhecido, foi introduzido pelos Estados Unidos contra a RUSHA.

"Nesse julgamento vieram a conhecimento os atos criminosos desta organização e foram descobertos com riqueza de detalhes os métodos e procedimentos usados para suprimir a identidade real dos bebês, especialmente nos países do leste europeu, e substituí-la por uma nova", explicou.

O diretor da RUSHA foi o argentino Ricardo Walther Darré, um general que "entrou para a história como ministro de Alimentação de Adolf Hitler e depois ministro da Agricultura da Prússia, mas não por essa atividade secreta", comentou o historiador.

De Nápoli apresentará no Museu do Holocausto de Buenos Aires um documentário sobre a vida do médico e criminoso nazista Joseph Mengele na Argentina, feito com a colaboração do History Channel e Anima Films.

O filme revela detalhes inéditos da vida na Argentina do chamado "anjo da morte", responsável por desumanos experimentos no campo de concentração de Auschwitz, que escapou da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e encontrou refúgio no país sul-americano.

Mengele chegou à Argentina em 1949 com identidade falsa, embora anos mais tarde tenha conseguido que a Polícia Federal do país lhe expedisse um documento com o nome de José Mengele.

De Nápoli entregará ao Museu do Holocausto uma cópia do estatuto societário da Fadrofarm SRL, laboratório que Mengele fundou na Argentina e no qual figurava como "sócio oculto".

"No estatuto figura quem eram os sócios, os gerentes, os advogados e os escrivães do laboratório, e também o seu capital inicial, que alcançava US$ 1 milhão, número enorme para a época", disse.

"É o primeiro documento que o expõe da cabeça aos pés", disse o escritor, que também doou uma cópia do expediente completo do segundo casamento de Mengele na cidade uruguaia de Nueva Helvecia.

"Ele se casou com sua cunhada, Marta María Hill, cujo marido, irmão de Mengele, tinha falecido anos antes. Isto provocou a ira de sua primeira esposa, Irene Schönbein, que a partir dali começou a tornar pública a atuação do criminoso em diferentes tribunais alemães", comentou.

De Nápoli considerou uma "bobagem" as versões que indicavam que Mengele, excluído dos juízos de Nuremberg, era perseguido durante aquela época e prova disso, afirmou, é que "o dia em que se casou publicou um édito nos jornais do Uruguai em que anunciava suas segundas núpcias". 

Fonte: EFE
http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/inacreditavel/2011/11/23/288878-ditadura-argentina-copiou-metodo-nazista-para-roubar-bebes-diz-historiador

Ver mais:
Argentina “copió” método de Hitler para robar bebés, según historiador ABC digital(Paraguai)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Curitiba terá o primeiro Museu do Holocausto do País

Almanaque / Notícias
Curitiba terá o primeiro Museu do Holocausto do País

Edilson Pereira/Marcos Borges

Confira aqui a galeria de fotos.

Curitiba terá a partir deste domingo (20) mais um museu. E de natureza internacional. É o Museu do Holocausto. Espaço semelhante já existe em Buenos Aires, Montreal, Polônia, Austrália, Bélgica, Holanda, África do Sul, Inglaterra, Rússia, entre outros países, sem contar as inúmeras unidades espalhadas pelo território americano (Nova York, Washington, Los Angeles, Houston, Dallas, entre outras). O museu é um espaço criado pela comunidade judaica com o objetivo inicial de preservar a memória das vítimas semitas sob os nazistas, antes e durante a Segunda Guerra Mundial.

O presidente da Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, Miguel Krigsner, que concretiza uma ideia nascida há aproximadamente dez anos, diz que a escolha da capital paranaense para abrigar a primeira unidade brasileira se deve ao fato de Curitiba e o estado contarem com número expressivo de judeus e descendentes europeus. Para ele, a iniciativa procura "trazer à luz um dos períodos mais tristes do século XX". O museu não pretende "atacar nenhuma etnia, não tem nenhum intuito político, mas levar à reflexão sobre o momento atual, sobre a intolerância e a violência, que existem e atualmente vêm à tona especialmente sobre negros e homossexuais".

Krigsner observou que o Brasil começa a ganhar importância internacional, se transforma em potência mundial e atrai expressiva leva de imigrantes. Ele destacou que sempre houve clima de convivência pacífica no país, e que iniciativas como a criação do museu se soma ao esforço para a cultura da tolerância. Ele abordou ainda manifestações que procuram relativizar a importância do holocausto e em alguns casos questionar a sua existência. "Começam a surgir notícias de que o holocausto não existiu. De que é uma mentira judaica. Grande parte da família de meu pai desapareceu na Polônia. Onde ela foi parar? Foi abduzida do planeta?", indaga ele, ao mesmo tempo em que procura demonstrar a relevância que o assunto tem para os judeus.

A cientista política Denise Faiguenblum Hasbani, pós-graduada em Língua e Cultura Judaica pela Faculdade Renascença e mestre em Língua e Cultura Judaica pela USP, vê o museu como um instrumento de utilidade para as gerações futuras. Ela não se preocupa em combater a recente onda de crítica ao holocausto. "Estes negadores não têm importância. Sabemos que existiu. E pronto. O importante é o futuro. Servir de alerta para as gerações futuras sobre a intolerância e a violência, até onde elas podem chegar", diz.

Para Denise Hasbani, a função do museu será a de contribuir para o aprendizado: "É preciso aprender. Esta é a função do museu". "Queremos que as pessoas vejam, aprendam e saiam de lá melhores como seres humanos. O passado não muda mais. O holocausto aconteceu. Está muito bem documentado. Eles que dizem que não aconteceu, então que provem. O que não queremos é que nada semelhante a isso aconteça com ninguém no futuro", diz ela. A cientista política observou que depois do holocausto, aconteceram outros tipos de violência e genocídios com outros povos, numa demonstração de que "a humanidade não aprendeu com o holocausto".

Embora o museu seja inaugurado neste domingo, as visitas serão abertas ao público a partir de 12 de fevereiro, sempre agendadas pelo site ou por telefone com antecedência de 24 horas no mínimo e em horários especiais. Um dos focos do museu será a visitação para grupos de alunos e estudiosos do assunto. O coordenador do museu, Carlos Reiss, explica que a inauguração será feita em parte este mês para aproveitar o encontro nacional de lideranças de sociedades brasileiro-israelenses em Curitiba. O tempo restante, até fevereiro, será dedicado a encorpar o acervo, ainda em fase de consolidação. O Museu do Holocausto de Curitiba fica na Rua Coronel Agostinho de Macedo, 248, Bom Retiro (fones 3093-7462 e 3093-7461), site: www.museudoholocausto.org.br

Confira aqui a galeria de fotos.

Fonte: ParanáOnline
http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/574560/?noticia=CURITIBA+TERA+O+PRIMEIRO+MUSEU+DO+HOLOCAUSTO+DO+PAIS

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Clandestinidade Nacional-Socialista causa alarme na Alemanha

A ministra alemã da Justiça disse que
era hora de analizar a atuação do
serviço secreto sobre a cena neonazi.
A pior hipótese parece se confirmar: a justiça alemã crê que uma dezena de assassinatos até agora sem esclarecimento são obra de uma mesma célula neonazista.

Neste domingo (13.11.2011), durante uma visita à cidade de Leipzig, a chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu se sentir preocupada pelo que pode se esconder por detrás de dez assassinatos atribuídos a um comando neonazi, cometidos na última década em distintas partes de Alemanha. O caso deixa em evidência estruturas e procedimentos “que não podíamos imaginar. Por isso devemos prestar atenção sempre a qualquer forma de extremismo”, apontou a chefe de governo alemão.

O ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, repetiu Merkel, qualificando os assassinatos pela primeira vez como atos de terrorismo. “Ao que parece estamos lidando com uma nova forma de terrorismo de extrema-direita”, disse Friedrich, aludindo aos resultados parciais das investigações. Elas sugerem que uma mesma célula neonazi tirou a vida de oito pequenos empresários turcos e um grego, entre os anos de 2000 e 2006, e a uma policial alemã, em 2007. Nenhum desses casos havia sido resolvido.

Os três supostos assassinos não eram de todo desconhecidos das autoridades alemãs. Na década de noventa eles se ligaram ao grupo de extrema-direita Defesa da Pátria, da Turíngia; mas a polícia perdeu o rastro deles. “Isto demonstra a tendência deste e outros governos em ignorar o extremismo de direita e o perigo que representam sua ideologia e sua estrutura”, assinalou a presidenta do Partido Verde, Claudia Roth, no sábado (12.11.2011). A se confirmar as suspeitas dos investigadores, este seria um dos piores casos de violência neonazi na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Se autodenominavam como Clandestinidade Nacional-Socialista

O achado dos cadáveres desses neonazis permitiu
relacionar assassinatos até então não resolvidos.
Os investigadores começaram a relacionar os assassinatos quando dois dos três suspeitos, Uwe M. e Uwe B., apareceram mortos em um automóvel que eles mesmos incendiaram, imediatamente antes de se suicidar com uma pistola. Os dois neonazis haviam acabado de roubar um banco - sua fonte de financiamiento, segundo o seminário Der Spiegel – quando perceberam que vários policiais haviam seguido a pista deles. A arma registrada da agente assassinada foi encontrada no automóvel dos homens.

A terceira integrante do grupo neonazi, Beate Z., foi presa em 8 de novembro, acusada de haver ateado fogo à casa que os três compartilhavam na cidade alemã de Zwickau, Estado federado da Saxônia, com a intenção aparente de destruir toda informação comprometedora. Der Spiegel informou que a pistola usada para matar os nove imigrantes foi encontrada na habitação comum. Outro achado importante: um vídeo de quinze minutos com testemunhos dos neonazis.

No vídeo, o trio - autodenominado Clandestinidade Nacional-Socialista - confessa ter assassinado os empresários e a agente policial, mostra fotografias de algumas das vítimas e atribuem a si outros atentados; entre eles, a explosão de uma bomba em 2004 que deixou 22 pessoas feridas numa rua de Colônia habitada sobretudo por imigrantes turcos. O grupo adverte na gravação que, “se não se produzem mudanças fundamentais na política, na imprensa e na liberdade de expressão”, realizaria novos ataques.

Forças de segurança alemãs estariam implicadas?

Uwe M., Beate Z. e Uwe B, os três membros do
grupo neonazi Clandestinidade Nacional-socialista.
Os dez assassinatos já haviam causado certo grau de comoção na Alemanha, mas a nova reviravolta que tomaram as averiguações pertinentes converteram o assunto em um delicado tema de política interna; não só porque volta a realçar a inconsistência da luta contra a violência racista e xenófoba praticada sistematicamente pela ultradireita, uma censura que se faz ao Estado, no geral, sem que ninguém dê um passo a frente para responder pelas omissões. Senão porque, neste caso, instituições concretas poderiam terminar assumindo responsabilidades.

Longe da prisão de uma quarta pessoa, suspeita de ter facilitado sua permissão para conduzir e até seu passaporte para apoiar as atividades dos neonazis em questão, o que atraiu a atenção da opinião pública alemã neste 13 de novembro foi a reportagem do diário Bild, segundo o qual novos indícios apontam inclusive que os neonazis podiam ter cúmplices nas forças de segurança, que podiam estar implicadas nos crimes cometidos pelo grupo Clandestinidade Nacional-Socialista ou, na melhor das hipóteses, ter conhecimento deles, o que explicaria como tiveram tanto sucesso atuando durante mais de dez anos sem serem descobertos.

Citando fontes governamentais - entre elas, o especialista em assuntos de política interna, Hans-Peter Uhl –, o jornal alemão reportou o confisco de documentos de identidade na casa dos neonazis, que em geral, só são obtidos por investigadores que trabalham incógnitos para o serviço de inteligência alemão. A ministra da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, disse que seria necessário esclarecer como se se deu a atuação do serviço secreto no seio das organizações de extrema-direita na última década; o PKG, Grêmio Parlamentar de Controle, que supervisiona o trabalho do executivo e dos serviços de inteligência, dedicará-se nessa tarefa nos próximos dias.

Autor: Evan Romero-Castillo
Editora: Claudia Herrera Pahl

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,15529659,00.html
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 13 de novembro de 2011

Max Weber, sobre a identidade comunitária judaica

Na Theory of Social and Economic Organization(Teoria da organização social e econômica) de Max Weber, originalmente publicada em alemão em 1920 e em inglês em 1947 (ver aqui), contém uma seção entitulada "Tipos de relações sociais solidárias". Isto divide as relações em 'solidárias' e 'associativas', definidas aqui. Sobre os judeus alemães de sua época, Weber (p.138) refuta a suposição de que judeus eram uma comunidade coesa voltada para dentro:
No caso dos judeus, por exemplo, exceto pelos círculos sionistas e a ação de certas associações promovendo especificamente interesses judaicos, portanto, existem apenas relações solidárias apenas para uma parte relativamente pequena; certamente, judeus frequentemente repudiam a existência de uma 'comunidade' judaica.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/11/max-weber-on-jewish-communal-identity.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 12 de novembro de 2011

A História iluminada por Umberto Eco (O Cemitério de Praga)

Pode a eloquência fascinar, formar e entreter? Sim. Umberto Eco demonstra-o com o seu novo romance, O Cemitério de Praga. E é por isso que a sua leitura é tão viciante, como comprovou Rui Lagartinho.

Num mundo perfeito, O Cemitério de Praga, o sexto romance de Umberto Eco, teria um impacto superior ao da publicação do famigerado Código da Vinci de Dan Brown. Mas, já se sabe, o mundo não é perfeito, e neste caso é pena. Mesmo assim, à medida que o livro foi sendo vertido para outros idiomas, começaram a ver-se alguns indivíduos nos aeroportos e gares da Europa a dar tanta atenção ao livro que levavam debaixo do braço como à bagagem de mão.

Não há aqui nenhuma teoria da conspiração. É apenas vício e saudades que se matam da escrita romanesca daquele que é considerado um dos maiores pensadores europeus. De hoje como de há 30 anos. A ele se pode aplicar o sofisma de Lênin: “Aprender, aprender, sempre.” Estamos em Paris, quase na dobragem do século XIX para o século XX. A cidade foi esventrada para que um monstro de ferro e aço percorra a cidade debaixo da terra. Cá em cima, na margem esquerda do Sena, não longe da Sorbonne e entre escombros, becos e sombras, Simonini avança para casa com o cérebro gourmet que comanda o estômago satisfeito.

Falsificador de documentos com créditos firmados, pode dar-se a esse luxo. Está a ponto de começar um diário, mas à cautela avisa: “…o próprio Narrador não sabe ainda quem será o misterioso escrevente, propondo-se vir a descobri-lo (a par com o Leitor) à medida que ambos espreitam, intrusivos, e seguem os signos que a pena daquele está a verter naqueles papéis.” É por isso que, quando o padre DallaPiccola se intromete na narrativa de Simonini, não nos surpreendemos. Estamos num reino de segredos, espionagem, golpes e contra-golpes. Na ficção como na realidade.

Ao princípio, o diário recua 40 anos, tempo suficiente para mergulharmos, através das raízes e origens de Simonini, nas movimentações nacionalistas que deram origem ao nascimento de um país chamado Itália. Pouco depois, através do maior feito do falsificador, tomamos conhecimento das atas e cadernos de intenções dos rabinos que um dia, reunidos no cemitério de Praga, juram tomar o mundo. Foi por causa da evocação do Priorado do Sião que nos lembramos de Dan Brown, mas essa evocação nasce e morre aqui. O Cemitério de Praga pertence a outro planeta: o da eloquência e da subsequente partilha do saber em forma de romance de capa, espada e aventuras.

A sombra dos folhetins e de Alexandre Dumas marcam, e ainda bem que assim é, a estrutura do romance, onde não faltam excelentes gravuras que sarapintam o livro com a sua galeria de heróis e vilões em cena. Mas para além do domínio dos códigos do espectáculo que um romance deve ter sempre, Umberto Eco domina os códigos da eficácia histórica ao confrontar-nos com um mundo em convulsão há cem anos, que mudou sem na realidade mudar.

A besta negra que atravessa o romance é o ódio aos judeus corporizados no protagonista e naqueles para quem vai trabalhar. À sua volta gravitam seitas mais ou menos satânicas, lojas maçônicas, conspiradores, psicanalistas em início de carreira, políticos em desespero de sobrevivência. Só um caldo destes permitiria um episódio como o “Caso Dreyfus” que, de caso de espionagem a libelo antissemita, permitiu o nascimento do intelectual moderno e conseguiu mostrar a facilidade e rapidez com que se propagam ódios e fundamentalismos. Quando recordamos o melindre que as questões judaicas suscitam na sociedade francesa atual, a eficácia de Umberto Eco fica plenamente demonstrada. É mesmo verdade que a história, tomada aqui como realidade, supera a ficção: quando alguém tem dúvidas ou está esquecido, um único personagem de ficção, como uma espécie de pavio curto e bem aceso, encarrega-se do resto. É o que acontece em O Cemitério de Praga.

Livro: O Cemitério de Praga
Autor: Umberto Eco

Fonte: Time Out Lisboa
http://timeout.sapo.pt/news.asp?id_news=6813

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Jantar debate Lisboa e Berlim sob domínio de Hitler

A associação cultural Academia Prima Folia organiza, no próximo sábado, dia 12 de Novembro, às 20:00, um jantar debate sob o tema "Portugal e a Alemanha Nazi" com o jornalista e historiador António Louçã.

António Louçã tem diversos livros publicados, entre eles "Negócios com os nazis. Ouro e outras pilhagens", "Hitler e Salazar. Comércio em tempos de guerra", "Portugal visto pelos nazis. Documentos. 1933-1945", "Conspiradores e traficantes. Portugal no tráfico de armas e de divisas nos anos do nazismo. 1933-1945" e "O segredo da Rua d'O Século.Ligações perigosas de um dirigente judeu com a Alemanha nazi (1935-1939)”.

Louçã, actualmente jornalista na RTP, foi correspondente do Diário Popular, diretor da revista mensal Versus, chefe de redação do Semana Informática e editor da revista História.
(ES)

Fonte: Jornal HARDMUSICA (Portugal)
http://hardmusica.pt/noticia_detalhe.php?cd_noticia=10622

domingo, 6 de novembro de 2011

Testemunho do SS Pery Broad sobre gaseamentos em Auschwitz e o uso de Zyklon-B

Testemunho do SS-Unterscharfuehrer Pery Broad*, descrevendo o gaseamento no Krema I em Auschwitz
... Os "desinfectadores" estavam de serviço. Um deles era o SS-Unterscharfuehrer
Teuer, condecorado com a Cruz de Mérito de Guerra. Com uma talhadeira e um martelo eles abriram olhando algumas latas que inofensivamente que traziam a inscrição "Zyklon, para ser usado contra piolhos. Atenção, veneno! abrir apenas com pessoal habilitado!". As latas estavam cheias até a borda com grânulos azuis do tamanho de ervilhas. Imediatemente depois de abertas as latas seus conteúdos eram jogados dentro de buracos que eram então rapidamente cobertos. Enquanto isso, Grabner deu um sinal ao motorista ligar o motor de uma caminhoneta de carga, que havia parado próxima ao crematório. O motorista deu partida no motor e seu barulho ensurdecedor era mais alto que os choros de morte de centenas de pessoas lá dentro, sendo gaseadas até a morte.
[Citação do livro "KL Auschwitz as Seen by the SS" (KL Auschwitz visto pelos SS), p. 176]

Fonte: Nizkor/Jewish Virtual Library
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/ftp.py?people/b/broad.pery/broad-testimony
http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Holocaust/auschwitz_faq_04.html
Tradução: Roberto Lucena

*Uma infeliz e curiosa observação, o Pery Broad nasceu no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, e foi para Alemanha com 5 anos de idade.

Para saber mais sobre o Relatório Broad, ler o texto Qual o grau de confiabilidade e autenticidade do Relatório Broad? do Hans no Holocaust Controversies.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Corte de financiamento dos EUA prejudica atividades da Unesco

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) afirmou nesta quarta-feira que não poderá manter seu nível de atividade sem a contribuição econômica dos Estados Unidos, que foi retirada após a adesão da Palestina como estado membro de pleno direito na organização.

"Os Estados Unidos continuarão na organização e espera-se que em breve seja encontrada uma solução para o problema do financiamento. Até que isso ocorra, será impossível manter nosso nível de atividade atual", declarou em comunicado a diretora-geral da instituição, Irina Bokova. Após a votação favorável de 107 Estados-membros e contrária de 14 sobre a entrada da Palestina na Unesco, Washington anunciou que eliminará os fundos que entregava à organização.

A suspensão é de efeito imediato, sendo assim, os EUA devem deixar de entregar à organização US$ 60 milhões que deveriam desembolsar em novembro, parte do total de US$ 80 milhões que destina anualmente à Unesco e que representa 22% do orçamento da agência. "A retenção do financiamento dos Estados Unidos e outras contribuições financeiras debilitará a eficácia da Unesco e prejudicará sua capacidade para construir sociedades livres e abertas", diz o comunicado.

O financiamento dos EUA ajuda a Unesco a desenvolver e manter meios de informação livres e competitivos no Iraque, Tunísia e Egito. "Os programas de alfabetização da Unesco em outras áreas em conflito permitem que a população tenha a capacidade de desenvolver o pensamento crítico e a confiança necessários para combater o extremismo violento", disse Bokova, citando que a organização trabalha, por exemplo, para alfabetizar "milhares de oficiais da Polícia" no Afeganistão.

Parte do dinheiro de Washington serve também para "apoiar o espírito democrático da Primavera Árabe", já que a Unesco está capacitando jornalistas para que possam cobrir os processos eleitorais de maneira objetiva nestes países.

Bokova afirmou que utilizando financiamento fornecido pelos EUA e Israel, a Unesco "desenvolve programas educativos para garantir que o Holocausto nunca seja esquecido". Ela defendeu que o financiamento econômico da organização que dirige "está no centro dos interesses dos Estados Unidos". Por isso, a diretora pediu "ao Governo dos Estados Unidos, ao Congresso e ao povo do país que achem um caminho para avançar e continuem apoiando a Unesco nestes tempos turbulentos".

Fonte: EFE/Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5449613-EI8141,00-Corte+de+financiamento+dos+EUA+prejudica+atividades+da+Unesco.html

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Contribuição com o Holocaust Controversies

Gostaria de aproveitar este post para agradecer imensamente o convite feito pelo Roberto Muehlenkamp para colaborar com o blog Holocaust Controversies e também parabenizar o resto da equipe do HC, o que é uma honra sem tamanho.

Para aqueles que acompanham este blog devem saber(até por conta dos vários textos traduzidos do HC contidos nele, como este aqui e este outro aqui) da imensa contribuição do pessoal do Holocaust Controversies no combate ao negacionismo do Holocausto com a pesquisa que fazem do tema mencionado, com vários textos onde comentam, debatem, apontam as distorções dos "revisionistas" e abordam o Holocausto.

Desde já dou novamente meus parabéns ao blog Holocaust Controversies e torço para que continuem com esta inavodora forma de pesquisa e divulgação deste tema histórico.

Abraços a todos.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Arrependido, famoso ex-neonazista americano tira tatuagens após 25 cirurgias

Evolução das cirurgias ao longo de 16 meses
Fotos: AP/Reprodução
NE10 Com agências

Tatuagens que cobriam o rosto de um famoso ex-neonazista americano foram retiradas após 25 cirurgias. Bryon Widner, que no passado comandou movimentos de supremacia branca, estava arrependido de suas antigas convicções e tentava há um tempo reconstruir sua vida.

A sua mulher, Julie, também ex-líder neonazista, diz que chegou a temer que o marido usasse ácido na própria face em um momento de desespero.

"Nós já tínhamos chegado tão longe", disse Julie. "Tínhamos deixado o movimento e criado uma boa vida familiar. Eu o apoiei na decisão de tirar as tatuagens pois pensei que alguém por aí viria nos ajudar."

Bryon com seu filho Tyrson, de 4 anos

Quem ajudou Bryon foi uma doadora anônima, através do SPLC (Southern Poverty Law Center), uma organização que já processou diversos grupos de supremacia branca nos EUA.

As cirurgias foram realizadas ao longo de 16 meses e custaram cerca de R$ 59,2 mil. Em troca, Widner aceitou dar palestras em um evento anual SPLC, que reúne policiais de todo o País para discutir ações de grupos skinhead.

Fonte: NE10
http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/internacional/noticia/2011/10/31/arrependido-famoso-exnazista-americano-tira-tatuagens-apos-25-cirurgias-307084.php

Ver mais:
Ex-skinhead retira tatuagens racistas após 25 cirurgias (Yahoo!)

sábado, 29 de outubro de 2011

A "técnica" do negacionista Faurisson de "revisar" a História do Holocausto - parte 2

Em mais um texto ridículo, o 'guru' "revisionista" francês Robert Faurisson, tentando aliviar a barra do fascista Le Pen, seu compatriota, e suas declarações negacionistas na França sobre o Holocausto anos atrás, demonstra como elabora seu "método" de "revisar" a História: ele cata 'supostos' furos em livros e acusa que a não citação de câmaras de gás no Holocausto ou mesmo do próprio genocídio, por uma personalidade, equivale a uma 'admissão' de que as mesmas não existiram.

Sobre o historiador francês René Rémond, a alegação de Faurisson (ver aqui):
No terceiro volume de sua Introdução à história de nossos tempos (Introduction à l'histoire de notre temps), René Rémond, que foi então presidente da comissão sobre história da deportação dentro do Comitê de História da Segunda Guerra Mundial (Comité d'histoire de la Deuxième Guerre mondiale), não fez qualquer tipo de menção a estas câmaras de gás (Le XXe siècle de 1914 à nos jours ["The 20th Century from 1914 to the Present"], Le Seuil, 1974). Catorze anos depois, quando ele havia tornado presidente do Instituto de História Contemporânea (Institut d'histoire du temps présent), uma vez mais ele não fez nenhuma menção delas em um trabalho de 1013 páginas entitulado Notre Siècle de 1916 à 1988 ("Nosso século de 1916 a 1988"*," Paris: Fayard, 1988).[1]
Pois bem, que tal o próprio citado(o historiador René Rémond) falando sobre as declarações de Le Pen sobre câmaras de gás, em vídeo, numa entrevista dada a um jornal?

Link do vídeo: ina.fr René Rémond

Resumo do vídeo: Plateau René Rémond (15/09/1987 - 03min20s)
Convidado do jornal, o historiador René Rémond, fala sobre as palavras de Jean-Marie Le Pen no "Grande Júri RTL-Le Monde", considerando as câmaras de gás como um "detalhe técnico". René Rémond considera, por sua vez, que as palavras de Le Pen e dos próprios fascistas banalizam o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial: "Negar a verdade do genocídio. O que é chocante é que para ele (JM Le Pen) é apenas um detalhe." René Rémond diz que no campo revisionista não há historiadores, mas sim polemistas. "Le Pen se encaixa no campo dos revisionistas." Respondendo à "gafe" de Le Pen: "Le Pen tenta tranquilizá-los. Acho que é um relaxamento de sua vigilância, lapso, gafe." René Rémond explica o impacto sobre o primeiro turno das eleições presidenciais e seu impacto entre o primeiro e segundo turno.[2]

O "método Faurisson" de "revisar" História (que é um método comum e praticado por todos os "revisionistas") é tão bisonho que chega a ser constrangedor saber que há gente que dá crédito às cretinices de sites de extrema-direita na internet que negam o genocídio da segunda guerra com distorções e manipulações.

*Observação: no texto original no site do IHR consta no título em francês "Notre Siècle de 1918 à 1988", só que na tradução para o inglês o título aparece assim "Our Century from 1916 to 1988". Um pequeno erro de digitação, que não mereceria nem sequer uma observação exceto que por pura implicância mesmo já que os "revisionistas" adoram se "amarrar" em "erros" deste tipo.

Notas

[1] Texto "The Detail", Robert Faurisson. Texto alojado no site do IHR sobre o historiador René Rémond.
[2] Entrevista de René Remond a um telejornal francês. Vídeo alojado no site ina.fr datado de 1987.

Pra quem não viu a parte 1, confiram-na no link.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Porque é negação e não revisionismo. Parte IX(1): "Os relatórios dos Einsatzgruppen ...

« ... não são apenas questionáveis a respeito do número de judeus assassinados, mas também em respeito a sua categoria.»

Foi assim que escreveu nosso regular freguês Carlo Mattogno e Jürgen Graf sobre a página 211 da lengalenga Treblinka. Vernichtungslager oder Durchgangslager?, disponível para download gratuito aqui.

Nas páginas seguintes, eles prosseguiram explicando o que queriam dizer com suas alegações de que os relatórios dos Einsatzgruppen são inexatos acerca das «categorias» dos judeus mortos: no gueto de Vilna, vai entender, judeus inaptos para o trabalho ainda estavam vivos embora, de acordo com o relatório correspondente, como interpretado por Mattogno & Graf, eles deviam ter sido mortos:
No “relatório geral de 16 de outubro até 31 de janeiro de 1942,” a presença de (alegadamente) 34.500 judeus nos guetos de Kaunen, Vilna e Schaulen é explicada da seguinte forma:597
“Desde a completa liquidação dos judeus que não foi feita em virtude de atribuições de trabalho, os guetos foram formados, e apresentados preenchidos da seguinte forma [os números citados acima são dados aqui]. Esses judeus estão empregados em trabalhos essenciais para fins de defesa.”
De acordo com isto, apenas os judeus que ainda estão aptos para o trabalho tinham permissão para viver em três guetos listados; por esta lógica, aqueles que não estivessem aptos para o trabalho, especialmente as crianças, deveriam todos ser mortos. Mas de acordo com o censo feito até o fim de maio de 1942, 14.545 judeus cujos nomes (junto com a data de nascimento, ocupação e endereço) foram publicados pelo Museu Judaico de Vilnius (o nome lituano da cidade) e estavam vivendo em Vilna. Surge destes documentos que destes 14.545 judeus, não menos que 3.693 eram crianças de 15 anos de idade ou menos. O número de crianças por grupo pela faixa etária é mostrado na seguinte tabela:598
ANO DE NASCIMENTO|IDADE|NÚMERO DE CRIANÇAS
1927 15 567
1928 14 346
1929 13 265
1930 12 291
1931 11 279
1932 10 216
1933 9 226
1934 8 195
1935 7 227
1936 6 229
1937 5 182
1938 4 188
1939 3 181
1940 2 117
1941 1 172
1942 com poucos meses 12
Total: 3.693
Além disso, entre os judeus registrados pelo censo havia também 59 pessoas de 65 anos de idade ou mais velhas. O mais velho tinha cerca de 90 anos de idade, Chana Stamleriene, nascido em 1852.

Como Nick já assinalou em seu artigo Mais Deturpações de Graf: Lituânia, não há contradição alguma entre os conteúdos do "Relatório Geral de 16 outubro a 31 janeiro de 1942," e a presença de judeus inaptos para trabalhar no gueto de Vilna até muito tempo depois de este relatório ter sido emitido, e quem vê tal contradição, portanto, revela (no máximo) ignorância da história do gueto de Vilna, onde judeus trabalhando foram emitidas autorizações correspondendo a permissão de que por um tempo tivessem o direito de registrar três membros adicionais da família com eles. Entretanto, o que parece ainda pior em Mattogno e Graf é que eles não precisam mesmo tse aprofundar na história do gueto de Vilna - o que talvez seja pedir demais desses dois dedicados «pesquisadores» - a fim de evitar o erro de fazer um estardalhaço sobre a suposta inconsistência no relatório em questão dos Einsatzgruppen. Todos dois tinham que olhar o documento relacionado com o mesmo conjunto de assassinatos contidos no "Relatório Geral de 16 outubro a 31 janeiro de 1942,". Este documento, que em grande parte pode ter servido dee base para o referido «Relatório Geral», tem há muito tempo disponível para o público uma tradução em inglês que fora incluída na edição em inglês de 1988 com o título The Good Old Days(Os bons velhos tempos), de uma coleção de documentos elaborada pelos pesquisadores alemães Ernst Klee, Willi Dressen e Volker Riess. Este chamado Relatório Jäger, que pode ser visto online aqui, é um documento de autenticidade indiscutível que foi escrito a pedido de Franz Walter Stahlecker, o comandante do Einsatzgruppe A, e por Karl Jäger, o comandante do Einsatzkommando 3, uma das subunidades do Einsatzgruppe A. Ele fornece os detalhes, dia a dia, local por local, especificando o colapso das vítimas homens, mulheres e crianças, da maioria das execuções mencionadas no «Relatório Geral». Em sua última página, o Relatório Jäger então se refere aos judeus que seu autor lamenta por ter sido impedido de matá-los. Jäger escreveu o seguinte (tradução do THHP*, ênfases são minhas):
Eu posso afirmar hoje que o objetivo de resolver o problema judaico para a Lituânia foi alcançado pelo Einsatzkommando 3. Na Lituânia não há mais judeus que não os judeus trabalhadores, incluindo suas famílias. São eles:

Em Schaulen cerca de 4,500
Em Kauen “ 15,000
Em Wilna “ 15,000


Eu também queria matar esses judeus trabalhadores, incluindo suas famílias, o que, contudo, trouxe-me amargo desafios da administração civil (o Reichskommisar) e do exército e causou a proibição de que: os judeus Trabalho e suas famílias não serão assassinados!

Encontramos aqui os mesmos 34.500 habitantes judeus dos guetos de Schaulen, Kauen («Kaunen») e Wilna (Vilna) que são mencionados no "Relatório Geral de 16 outubro a 31 janeiro de 1942,", além de uma declaração clara de que esses 34.500 judeus não são os judeus trabalhadores sozinhos, mas os judeus trabalhadores e suas famílias, o que derruba a alegação de que a presença de judeus não-trabalhadores no gueto de Vilna após a campanha de assassinato 1941 da Einsatzgruppe A põe em cheque a exatidão deste registro do relatório de mortes da unidade. Por que os membros das famílias dos judeus trabalhadores não são mencionados no « Relatório Geral», como citado por Mattogno & Graf de que pode apenas ser imaginado, mas Jäger certamente não tinha motivos para inventá-los (pelo contrário pois provavelmente teria feito ele ser olhado com mais «sucesso» aos olhos de seu superior se apenas os judeus estritamente necessários para o esforço de guerra houvessem sido poupados), e as provas referidas no artigo de Nick acima mencionado, bem como aqueles apresentados por Mattogno & Graf, confirmam a exatidão da declaração de Jäger.

Por que, agora, Mattogno & Graf fracassam em levar em conta o Relatório Jäger, o que torna sua histeria arrogante sobre a presença de judeus não-trabalhadores no gueto de Vilna parecer completamente ridículo? Foi uma omissão deliberada de um documento não conveniente com suas posturas, a qual eles não esperavam que ninguém notasse? Ou foi apenas incompetência elaborada de dois charlatões trapalhões, vigorosamente desenterrar material que eles pensaram que poderia apoiar suas noções pré-concebidas e não terem identificado um longo documento de domínio público que pudesse prestar a seus esforços inúteis? Na ausência de prova em contrário, darei-lhes o benefício da dúvida e assumirei a segunda hipótese.

O gueto de Vilna pode ter sido um caso excepcional no qual houve um período de relativa calma após as ações assassinato de outubro a dezembro de 1941 (liquidação do «Gueto 2», Gelbschein-Aktionen e «ações» menores subsequentes), que durou até a ordem de Himmler em 21 de junho de 1943 para liquidar os guetos restantes do Reichskommissariat Ostland. Entretanto, não era de modo algum apenas guetos judeus nas áreas ocupadas pelos alemães em ambas, União Soviética ou Polônia, que ainda tinham uma considerável população de judeus não-trabalhadores após o grande extermínio de 1941 (nos territórios soviéticos ocupados) e de 1942 (nos territórios soviéticos ocupados, na área da Polônia que faziam parte do Generalgouvernement - Governo Geral, e nos territórios polaneses anexados ao Reich alemão). No Generalgouvernement, isto foi relacionado ao fenômeno conhecido como segunda guetização (Zweitghettoisierung), que é descrito da seguinte forma pelo historiador Frank Golczewski (minha tradução de Frank Golczewski, «Polen», em: Wolfgang Benz (editor), Dimensionen des Völkermords, 1996 Deutscher Taschenbuch Verlag GmbH & Co. KG, München, páginas 411-497, aqui: página 471):
Em uma conferência (20-22 de setembro de 1942), na qual havia ocorrido uma disputa entre o Ministro de Armamentos Speer e Himmler sobre a organização da indústria de armamento, Hitler havia concordado com o pedido de Fritz Sauckel para transitoriamente continuar a empregar trabalhadores judeus qualificados no Generalgouvernement(Governo Geral). Himmler, o qual a SS - e órgãos da polícia que teriam recebido competência global para assuntos judaicos, por causa disto ordenou em 09 de outubro de 1942 reunir todos os judeus trabalhadores para as necessidades do exército em campos de trabalho especiais. O propósito desta «reorganização» também foi perseguido pela chamada segunda guetização.
O Secretário de Estado do Governo do Generalgouvernement, o SS-Obergruppenführer Friedrich-Wilhelm Krüger, decretou a instalação do que é chamado «guetos secundário» (Getta wtórne) na literatura polonesa. Em 28 de outubro de 1942, Krüger assinou o «Decreto policial sobre a Criação de bairros residenciais judeus nos Distritos de Varsóvia e Lublin»; um outro decreto de 10 de novembro de 1942 designava localidades adicionais aos distritos restantes de Cracóvia, Radom e Galicia. Dos 650 locais na Polônia nos quais os judeus tinham ainda vivia no início de 1942, restavam apenas 54. Eles eram partes dos ex-guetos judeus os quais - geograficamente reduzidos - eram agora quase confirmados. Eles eram em sua maioria divididos: nos guetos «A» viviam os judeus com condições de trabalhar, nos guetos «B» viviam os judeus inaptos para trabalhar. Assim, as medidas subsequentes de assassinato foram facilitadas e previsíveis.

No entanto, os poucos deportados sobreviventes se agarravam à esperança de que as deportações haviam sido canceladas e os últimos guetos agora tinham uma espécie de garantia de existência. Às vezes aqueles que tinham vivido ilegalmente escondidos na clandestinidade iam para estes novos alojamentos a fim de fugir do estresse constante da ilegalidade (e às vezes dos enormes custos extorquidos por seus «hospedeiros»). As deportações foram temporariamente interrompidas devido ao inverno [1942/43, nota do tradutor]. Por causa de Stalingrado, uma interdição dos transportes para outros além dos bens de armamento foi decretada. O termo «gueto» era agora apenas raramente usado; os bairros judeus agora eram chamados de «bairros residenciais judaicos» na terminologia NS, que era dar a eles uma espécie de «humanidade» e enganar os habitantes. Na verdade, a consolidação foi apenas um breve estágio antes da deportação final dos que restaram, para as instalações de extermínio.

Se os judeus aptos a trabalhar fossem transitoriamente autorizados a continuar a viver em «bairros residenciais judeus» juntamente com os judeus que trabalhavam para o esforço de guerra alemão, isto foi provavelmente baseado em considerações táticas: a presença de membros da família num gueto «B» incentivava os judeus trabalhadores no gueto «A» em suas crenças de que seriam poupados e, assim, não só estimulava seus desempenhos no trabalho, como eles tentavam tornar-se tão úteis quanto possível a fim de salvar a si mesmos e suas famílias, mas isso também os impediu de contemplarem a resistência. Isso pode ajudar a explicar o porquê da resistência ocorrer eventualmente, quando as deportações continuaram em 1943, foi limitada a alguns dos guetos restantes, o que uma olhada em direção às histórias do gueto acessíveis neste link nos mostra. De qualquer forma, a maioria dos guetos restantes na Polônia, ocupada pelos nazistas, e na União Soviética foram liquidados no decorrer de 1943, e no final de agosto de 1944 até o último gueto restante, o gueto de Lodz, que havia deixado de existir.

Agora, e sobre a outra afirmação de Mattogno & Graf mencionada no início deste post, a respeito do número apontados nos relatórios dos Einsatzgruppen? Vamos chegar neste tema na próxima parte deste artigo.

Clique aqui para verificar outros artigos desta série.

*THHP = abreviação do site The Holocaust History Project

Anterior << Parte VIII: Os Massacres de Simferopol

Próximo >> Parte IX(2)

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Roberto Muehlenkamp
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2007/02/thats-why-it-is-denial-not-revisionism.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto

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