quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Extermínio dos Diferentes

Pessoas com deficiência e doentes terminais eram alvo do 3º Reich

Os nazistas queriam "purificar" a raça ariana de genes ruins. Esses genes estariam nos judeus, ciganos, homossexuais - e nas pessoas com deficiências de qualquer origem. Os oficiais nazistas planejavam esvaziar os asilos de doentes mentais e pacientes "incuráveis", mas sabiam que isso pegaria mal com a opinião pública. A partir de 1º de setembro de 1939, a guerra deu a eles a desculpa para oficializar o programa - precisavam desses hospitais para os soldados feridos. O chamado Aktion T4 - Tiegartenstrasse, Nº4, era o endereço da sede - esterelizou e assassinou milhares de pessoas. Foi um dos raros casos em que os alemães, liderados pelas famílias de vítimas, se opuseram publicamente a uma diretriz nazista. O clamor se estendeu até a Igreja (que se omitia sobre os judeus). Conheça alguns dos opositores do T4:

Juiz denuncia eutanásia

Nenhum outro juiz alemão se manifestou contra a eutanásia em massa. Lothar Kreyssig já não era, sabidamente, um fã do Partido Nazista. Ao iniciar a carreira, em 1928, ele se recusou a entrar para a legenda. Por essa e outras manifestações de insubordinação, em 1937 foi punido com um cargo menor, o de juiz de casos de guarda de pacientes mentais em Brandenburgo. Em 1940, ao notar um número extraordinário de certidões de óbito desses pacientes, mandou uma carta de protesto ao ministro da Justiça, Franz Gürtner. Foi chamado à Suprema Corte, onde explicaram a ele que a sentença de morte para certas vítimas era a vontade de Hitler - e sua vontade era a "fonte da lei". Kreyssig deu de ombros. Proibiu qualquer transferência de pacientes sem sua autorização. Em 1942, iniciou um processo público acusando de assassinato o chefe do programa, Philipp Bouhler. Foi afastado do cargo no mesmo ano. Após a guerra, ajudou a fundar uma espécie de ONG: Aktion Sühnezeichen Friendensdienste (Ação de Reconciliação para a paz).

Arcebispo lidera movimento anti-T4

Clemens von Galen tornou-se arcebispo de Münster em 1933. No mesmo ano Hitler tomava o poder na Alemanha e fechava um acordo com a Igreja Católica - o acordo, assinado pelo Cardeal Eugenio Pacelli (que se tornaria o papa Pio XII em 1939), restringiu os poderes do clero, mas garantiu sua sobrevivência no país. Hitler tinha medo da influência da Igreja e se anunciava como católico. Aproveitando sua liberdade, nos sermões o arcebispo ridicularizava a doutrina nazista (como a ordem, revogada depois de muitas críticas, para remover os crucifixos das escolas). Mas o T4 o fez ficar sério. Em 1941, ele começou a pregar abertamente contra o programa e, logo, contra tudo o que o nazismo representava. Esses discursos inflamados passaram a ser reimpressos clandestinamente na Alemanha e repassados entre famílias católicas e até mesmo aos soldados no front - a Inglaterra chegou a "bombardear" soldados alemães com as transcrições em folhetos. Os sermões geraram protestos públicos contra o programa. O líder da SS em Münster solicitou a execução de Von Galen, mas, temendo a revolta popular, a cúpula do III Reich teve de engolir a resistência do religioso até o fim da guerra. Clemens von Galen foi eleito cardeal no Natal de 1945 e beatificado por João Paulo II em 2004.

Fonte: Revista Superinteressante - Edição 292-A - JUN2011 - Págs 36-37

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