sábado, 9 de fevereiro de 2013

Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 02

2. Miragens fascistas: México e Brasil

Neste panorama se destacavam, contudo, alguns personagens e regimes de aspecto mais familiar. Num primeiro momento foi a Argentina que despertou algumas ilusões quando o general José Félix Uriburu estabeleceu uma ditadura com alguns traços "fascistas" [23]. Influenciado pelas ideias nacionalistas radicais de Leopoldo Lugones, Uriburu tentou estabelecer um regime nacional-corporativo ao desafiar a velha oligarquia liberal argentina. Apesar do apoio de uma intelectualidade que conseguiria moldar uma "esfera pública fascista" integrada com ligas e organizações militantes nacionalistas, o experimento não prosperou, e seria somente com a revolução militar de 1943 e com Perón que voltariam a se manifestar as tendências ante o fascismo em formas sui generis [24]. A atenção italiana recaiu então no regime nacional-corporativo de Vargas no Brasil, que deu inicialmente sinais positivos de aproximação com o fascismo. Também prestaram atenção ao regime nacionalista mexicano, com muitos caveat (avisos) de sua tendência demasiada esquerdista. Esses sucessos suscitaram finalmente esperanças de que pudesse surgir uma versão latinoamericana sui generis do fascismo com possíveis desenvolvimentos geopolíticos positivos.

O México foi uma realidade particular entre os experimentos políticos latinoamericanos. Produto de uma revolução nacional de massas (1910-1917) com tendências oscilantes entre o liberalismo democrático radical e um socialismo nacional ainda não influenciado pela experiência soviética. Concluído o processo revolucionário, durante os anos vinte o país foi considerado um laboratório de experimentos sociais (ejido), políticos (Estado social) e culturais (nacionalismo artístico, educação) avançados. No aspecto político, suscitou interesse o arranque - depois do assassinato de Obregón (1928) - do processo de institucionalização da revolução levado a cabo pelo "Chefe Máximo" Plutarco Elías Calles. Ele se orientou por um sistema corporativo de partido único - o Partido Nacional Revolucionário (1929) - que tinha diversos pontos em comum com o fascismo, fato que não passou desapercebido na Itália. [25] O PNR (mais tarde PRM e finalmente PRI) no transcurso dos anos trinta chegou a se parecer em certos aspectos com o Partido Nazionale Fascista (PNF) italiano, especialmente em sua estrutura dependente de uma liderança central forte, na ideologia corporativa e nacional-populista e em sua função de orgão de conexão entre a base popular e o establishment (classe dirigente) revolucionário [26].

As tendências fascistas no México - que incluíam uma inspiração não declarada aos modelos italianos - chegaram a seu apogeu durante os últimos anos do "Maximato" (o predomínio político de Elías Calles) e durante a presidência de Lázaro Cárdenas (1935-40), a quem compensava a índole de "fascismo de esquerda" de seu regime com uma retórica socialista e uma posição internacional antifascista [27]. Além da presença na pequena comunidade italiana [28], o fascismo em sentido completo, enfim, teve certa difusão entre os intelectuais, especialmente com dois: o escritor (e político) José Vasconcelos e o artista Gerardo Murillo.
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O "fascismo" de Vasconcelos é uma derivação coerente de sua tendência revolucionária cultural oposta ao mundo cosmopolita e materialista dominado pelos anglo-saxões. A conexão é a proposta fascista de acabar com este predomínio, ao buscar uma nova ordem mundial com os valores do espírito, a vontade e a excelência. Esta evolução intelectual de Vasconcelos se torna mais perceptível depois de 1929, quando a desilusão por sua derrota eleitoral (compete sem sucesso nas eleições nacionais) o empurra para posições mais críticas e mais pessimistas, e radicaliza suas ideias de palingenesia político-cultural. Em sua viagem à Italia (1924) havia observado com ceticismo a revolução fascista e o ressurgimento de Roma, em 1925 havia exaltado a "raça cósmica" com um marcado acento cosmopolita e nos anos trinta olhou com simpatia o fascismo. Em 1936 escreveu: "quem não se deixa inspirar com orgulho por esta nova Itália [fascista] não é digno de pertencer à civilização Latina" [29]. Durante a guerra, Vasconcelos será partidário do Chefe e diretor de uma revista pró-alemã. Murillo ("Dr. Atl"), por sua parte, também vê no fascismo italiano uma força espiritual e cultural capaz de derrubar a hegemonia anglo-saxã e fundar uma nova civilização humanista com um renovado brio vital. Seus artigos na imprensa expressam uma franca admiração por Mussolini - "verdadero condutor dos povos"- e, por sua vez, um desprezo visceral pelas finanças internacionais controladas pelos anglo-saxões e pelos judeus [30].

Os italianos, por seu lado, observavam com interesse a atração que exerce o fascismo entre os intelectuais, nos políticos e na classe média atemorizada pela deriva do Governo revolucionário ante o socialismo. Iludem-se sobre a possível força de pressão da opinião pública pró-fascista e detectam o armanezamento de informação sobre o fascismo que realiza com discrição o Governo mexicano, mas não têm nenhuma expectativa realista de que Elías Calles ou Cárdenas avancem abertamente para um modelo fascista [31].

Até finais dos anos trinta o país mais promissor para a Itália foi, certamente, o Brasil. O golpe de Getúlio Vargas em 1937, com a fundação do "Estado Novo", um regime nacional-corporativo com acentos fascistizantes, suscitou um grande interesse fortalecido pelas "simpatias" que o ditador tinha desde antes com a Itália fascista [32]. Este giro na política brasileira produziu um alvoroço de esperanças na Itália e, por sua vez, temores internacionais de que se estava assistindo ao primeiro experimento fascista na América Latina [33]. O novo Brasil autoritário foi apresentado por Mussolini como exemplo de capacidade de propagação do fascismo no mundo [34]. Muito rápido, contudo, Vargas esfriou os entusiasmos ao não se comprometer no aspecto ideológico e político com o fascismo e com a Itália. Esta, para o Brasil, era um sócio por demais débil para substituir o importante vínculo com Washington [35]. Vargas, de fato, freou a transformação em sentido fascista do Estado brasileiro e não quis fundar um partido nacional de massas: omissão especialmente criticada pelos observadores italianos [36]. O afastamento em relação ao fascismo por parte de Vargas culminou com a repressão da Ação Integralista Brasileira, AIB, que tinha traços fascistas [37].

A AIB é importante porque foi o único movimento político de massas autenticamente fascista em todo o Continente. O integralismo (como é conhecida a AIB) nasce no início dos anos trinta em São Paulo, capital da região cafeeira do sul do país e florescente centro cultural. Aqui com os sólidos laços econômicos transatlânticos e a forte imigração europeia (especialmente italiana) se desenvolve entre as elites intelectuais uma tendência vanguardista, modernista e nacionalista, na qual, mesclam-se motivos futuristas, vitalistas e decadentistas com uma forte influência italiana. Os intelectuais paulistas dessa época expressam sua fascinação pelos mitos de D'Annunzio e de Mussolini. Ronald de Carvalho rende homenagem à "indisciplina bárbara" e à força da fé do novo heroísmo italiano. Graça Aranha define o Duce da Itália como "a figura da lei, viril na concepção da ordem" [38]. Os intelectuais modernistas se expressam de forma parecida em suas publicações, evocando "o governo forte de um ditador [...] que represente a concentração de poder e consiga a estabilidade nacional" [39], mas não chegam a elaborar um verdadeiro projeto político. Há uma exceção: um poeta - membro da Academia Paulista de Letras -, a quem já em 1919 se expressa em formas "dannunzianas", filho de um "coronel" (caudilho) provinciano e de uma maestrina. Seu nome, Plínio Salgado, tornará-se famoso mais tarde como fundador e líder do integralismo brasileiro.

Salgado adquire pela primeira vez notoriedade com a publicação de duas novelas: O Estrangeiro (1926) e O Esperado (1931). Nestas obras expressa um nacionalismo ingênuo e rústico, inspirado num passado brasileiro idealizado ao redor das raízes indígenas, as tradições e a coesão espiritual da nação, como contraponto à moderna influência estrangeira e cosmopolita [40]. A segunda em particular se enfurece contra o mundo corrompido, submetido às finanças anglo-saxãs, e prega a figura de um salvador, que é "desejado" por um povo que se mobiliza e espera ansiosamente por uma direção. Salgado visita a Itália em 1930, antes de concluir o manuscrito, e é transformado por esta experiência. De Roma escreve a um amigo:
"Estudei atentamente o fascismo: não é exatamente o regime que necessitamos, mas é algo que se parece próximo disto. O fascismo chegou aqui no momento oportuno e mudou o centro da gravidade política da metafísica jurídica de instituições que descansam nas realidades determinantes [...] o fascismo não é propiamente uma ditadura, é um regime. Acredito que o Ministério das Corporações é o mecanismo mais útil. O trabalho está perfeitamente organizado e o capital estupendamente controlado" [41].
Salgado resolve mudar na direção do fascismo ao regressar ao Brasil, "ágil para organizar as forças intelectuais dispersas para coordená-las, dar-lhes uma direção, iniciando um apostolado". Sua determinação é fortificada depois de um encontro pessoal com Mussolini, a quem aprova suas ideias e seus planos, e lhe sugere que "antes de um partido, é necessário um movimento de ideias" que reforce o nacionalismo e imponha a supremacia do Brasil na América do Sul [42].

Fiel a seus propósitos e seguindo as recomendações de Mussolini, Salgado se dedica à elaboração ideológica para estabelecer uma base doutrinária ao movimento em formação. Em seus artigos louva o Estado fascista que "contém em si todas as fisionomias nacionais" [43]. A nova revista Hierarquia - inspirada na fascista "Gerarchia"- consegue em pouco tempo atrair um grande número de intelectuais e propagar as novas ideias. O salto para a formação de uma verdadeira organização política ocorre em outubro de 1933, quando Salgado anuncia a fundação da Ação Integralista Brasileira. Logo se incorporam várias organizações regionais com inspiração similar. Em dois anos a AIB ascende a 400.000 militantes inscritos, e em 1937 alcançará a assombrosa cifra de um milhão de membros, convertendo-se assim no primeiro "partido nacional e popular não proíbido no Brasil" [44] e um dos maiores partidos de massas de toda América Latina.

Este sucesso surpreendente se destaca especialmente nas classes medias, no exército, entre os jovens e entre os imigrantes de primeira e segunda generação. A AIB fez inclusive concorrência com os fasci entre os italianos e os filhos de italianos, muitos destes preferiram a camisa verde (cor do movimento) à camisa negra [45]. A AIB, de fato, adquire um grande número de elementos simbólicos diretamente do fascismo italiano: as camisas de estilo militar, a saudação romana, a divisão da Milícia integralista em Legiões, o agrupamento das mais pequenas unidades de "pliniananos" (similares aos balilla italianos), as marchas em formação militar, a invocação aos caídos ("appello ai caduti" na Itália), o grito de guerra (no lugar do italiano "eja, eja, alalá" se inventa um novo, "anauê, anauê, anauê", inspirado no suposto grito de guerra dos índios tupi), o lema "Deus, Pátria e Família". O emblema do movimento é a letra grega Sigma maiúscula no lugar do Fáscio littorio, e quer dizer, como aquele, união e "soma" de forças e valores. Há também cerimoniais e liturgias completamente novas, como, por exemplo, os "amanheceres de abril": a saudação ao sol a cada ano no dia 23 de abril pelos camisas verdes, com o braço estendido com a saudação romana para glorificar a vitória do Sigma. Um conjunto de ritos, signos e mitos em soma que cabe perfeitamente no perfil dessa "sacralização da política" que qualifica o fascismo italiano [46].

As analogias e as emulações do fascismo não se limitaram aos aspectos simbólicos e organizacionais, implicaram também em uma considerável proximidade teórica (isto, de passagem, distingue-se a AIB entre todos os movimentos semi-fascistas latinoamericanos, pois possuem uma "densidade" ideológica notavelmente inferior). O núcleo ideológico da AIB inclue o conceito de Brasilianidade (equivalente à "Italianità" e "Romanità" na Itália) e um radicalismo político-antropológico que "leva a marca inconfundível do mito ultranacionalista palingenésico" [47[. Os intelectuais integralistas - em primeiro lugar Plínio Salgado e Gustavo Barroso - buscam inspiração no corporativismo nacional-sindicalista, nas variantes do fascismo italiano, no salazarismo, no falangismo espanhol e no rexismo belga. Gustavo Barroso, inclusive, proclama que o integralismo é uma forma mais perfeita do fascismo:
"Entre todos os movimentos de caráter fascista, o integralismo é o que contém a maior dose de espiritualidade e o corpo doutrinário mais perfeito, desde a concepção do mundo e do homem à formação de grupos naturais e a solução dos grandes problemas materiais" [48].
o enorme sucesso do integralismo é também, paradoxalmente, a primeira causa de seu fracasso. Getúlio Vargas não provém de suas fileiras e temia sua influência popular no exército. Além disso, seu pragmatismo lhe impedia de olhar para a Itália ou Alemanha como possíveis 'partners' e referentes geopolíticos para o pais (é o mesmo cálculo de realpolitik que no México induziu Cárdenas e Ávila Camacho, por cima de toda consideração ideológica, a preferir finalmente o velho zorro, os Estados Unidos, no lugar do Eixo). Depois do golpe de 10 de novembro de 1937, Vargas num primeiro momento faz crer que está disposto a negociar e alimenta as esperanças de Salgado de que a AIB se converterá na coluna vertebral do novo regime e que o mesmo seria nomeado Ministro da Educação. A nova constituição do Estado Novo, que contém fortes elementos nacional-corporativos, suscita o entusiasmo dos militantes integralistas. A ilusão, contudo, dura pouco: em dezembro deste ano a AIB é dissolvida por decreto. Alguns meses depois, com o pretexto de um falido intento de golpe integralista, muitos dirigentes são presos ou obrigados a se exilar, entre eles o próprio Salgado (que ficará em Portugal até a anistia de 1946).

As ações de Vargas decepcionaram os italianos, a quem lhe tinham cultivado num primeiro momento sérias esperanças de poder exercer influências no Estado Novo e, devido ao peso geopolítico do Brasil em toda a América meridional. Em uma publicação oficial (1937) se lê:
"A Itália tem a honra de haver proporcionado ao novo Brasil, além do magnífico aporte de energias humanas no século passado, também de algumas ideias fundamentais sobre as quais descansa a nova ordem. Pois se o regime brasileiro atual não é "fascista" - como o próprio presidente Vargas declarou explicitamente - ele está inspirado, sem dúvidas, em grande medida no nosso ordenamento estatal e social" [49].
O entusiasmo italiano desaparece rapidamente, conforme se torna mais evidente que a orientação "fascista" do novo regime é mais de fachada que substancial e cheia de ambiguidades. A proscrição da AIB, em particular, é lamentada amargamente por ser o único movimento latinoamericano de importância que tivera um autêntico caráter fascista e, portanto, um "interlocutor" privilegiado para extender a influência fascista na região. [50] Um relatório secreto do MAE em 1937 descreve o "Partido Integralista" como:
"Inspirado nos ideais do Fascismo com a guia de um homem e um Diretório de grande valor intelectual e moral, mas desgraçadamente com falta do dom de decisão e do sentido de oportunidade, e esperteza para se atrever [a atuar] quando já não era o caso e incapazes de ousar por pouco que fosse o caso" [51].
O conde Ciano, por seu lado, considerava o integralismo brasileiro como "a primeira expressão séria no Continente americano de um movimiento inspirado nos princípios do fascismo", ainda que também criticasse a falta de maturidade e a incapacidade política do mesmo. [52] Fora do Brasil, o panorama é ainda menos alentador. Os movimentos semi-fascistas ou reputados como tais, que surgem em muitos países no transcurso dos anos trinta, tais como o Partido Fascista Argentino (1932), o Movimento Nacional Socialista de Chile (1932) e a Acción Revolucionaria Mexicanista (1934) suscitaram mais pessimismo que esperanças nos observadores italianos [53]. A dissolução dos "Camisas douradas" mexicanos na metade de 1936 é inclusive saudada com alívio num relatório diplomático. [54] Acontece o mesmo em todas as partes. Na Argentina, por exemplo, não existe nem um só partido ou movimento que obtenha um bom olhar de Roma, nem sequer julgamentos positivos ou palavras esperançosas. Isto não é só por razões de oportunidade, senão por um julgamento negativo do conjunto sobre sua força numérica, sua coordenação, seu uso da violência e sua consistência ideológica. Assim, os supostos "partidos irmãos" como são a Legião Cívica Argentina e o Partido Nacional Fascista nunca obtiveram um reconhecimento oficial italiano. [55] No México o panorama é ainda mais desolador: os movimentos supostamente fascistas locais (a ARM, a Confederação da Classe Média e o Partido Social Democrático Mexicano) resultaram em ser más imitações ou meros disfarces de interesses ou de facções, e o sinarquismo - movimento nacionalista católico de massas inspirado no falangismo - nem sequer é levado em consideração. [56] Mais confusa a situação no Chile, onde o Movimiento Nacional Socialista ("nacista"**) parece se encaminhar "para o comunismo!".
"O 'nacismo' que com a proclamação dos princípios fascistas havia conseguido atrair um número considerável de adeptos, especialmente entre os jovens, foi se comprometendo nas alianças mais híbridas com a extrema-esquerda e com a maçonaria. Fundamentando sua ação na mais desenfreada demagogia, este partido se proclama hoje fiel aos princípios sagrados da democracia e renega suas origens. Seus chefes afirmam que seguem esta via com um propósito tático. Mas sua pouca seriedade não inspira confiança e é provável que não possam impedir que seus seguidores migrem para o comunismo que é para onde os empurra" [57].
Resumindo, os grupos, movimentos e partidos supostamente "fascistas" ou inspirados no fascismo resultaram ser uma completa decepção e deixaram desconcertados os observadores italianos. Não era possível confiar de nenhuma forma nesses sujeitos políticos precários, aproximativos ou toscamente miméticos, para extender o raio de ação da política fascista na região.

**Aparece muito raramente em alguns textos em espanhol a grafia "nacismo/nacista" para nazismo/nazista. A grafia mais usada é a com a letra "z".

Notas:

23 Sobre las manifestaciones ultranacionalistas y fascistas en Argentina (y especialmente durante el régimen de Uriburu, que generó toda una mitología en los nacionalistas argentinos) véase Christhian Buchrucker, Nacionalismo y peronismo. La Argentina en la crisis ideológica mundial (1927-1955) (Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1987); Fernando Devoto, Nacionalismo, fascismo y tradicionalismo en la Argentina moderna. Una historia (Buenos Aires: Siglo XXI, 2002); Federico Finchelstein, Fascismo, liturgia e imaginario: El mito del general Uriburu y la Argentina nacionalista (Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2002); y del mismo autor La Argentina fascista (Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2008). Sobre el fascismo entre las comunidades italianas véase Ronald C. Newton, "Ducini, Prominenti, Antifascisti: Italian Fascism and the Italo-Argentine Collectivity, 1922-1945", The Americas 51:1 (Julio 1994): 41-66.

24 Cfr. Alberto Spektorowski, The Origins of Argentina's Revolution of the Right (Notre Dame: University of Notre Dame Press, 2003). Sobre las ideas y los debates políticos e ideológicos de la época véase también Tulio Halperin Donghi, Argentina y la tormenta del mundo (Buenos Aires: Siglo XXI, 2003).

25 Varios periodistas y escritores italianos que visitaron México en esa época -especialmente Mario Appelius (en 1928)- dejaron manifesta su admiración por el país y su atormentada revolución nacional.

26 "Messico", en Enciclopedia Italiana (Roma: Istituto dell'Enciclopedia Italiana, 1933 - supplemento 1938), 836. Aquí se califica al PNR -con indudable exageración- como "idéntico" al PNF italiano y al NSDAP alemán.

27 Ludovico Incisa di Camerana, I caudillos, 191. Sobre México véase Franco Savarino, "The Sentinel of the Bravo: Italian Fascism in Mexico, 1922-35", en International Fascism, eds. G. Sorensen y R. Mallet (London-Portland: Frank Cass, 2002), 97-120; y Franco Savarino, México e Italia. Política y diplomacia en la época del fascismo 1922-1942 (México: Secretaría de Relaciones Exteriores, 2003). La política mexicana aun con las reconocidas similitudes con el fascismo (corporativismo, nacional-populismo, "espíritu latino", etc.) era sin embargo criticada por la infuencia de la masonería, por las tendencias a un socialismo con tintes "bolcheviques" y por el característico nacionalismo "indigenista" con implicaciones antieuropeas. Los "hombres fuertes", mexicanos en fn, que se movían en un medio institucional de matriz aún esencialmente liberal, no se podían considerar dictadores en el sentido completo de la palabra.

28 Cfr. Franco Savarino, "Bajo el signo del "Littorio". La comunidad italiana en México y el fascismo (1924-1941)", Revista Mexicana de Sociología, LXIV: 2 (abril-junio 2002): 113-139.

29 José Vasconcelos, ¿Qué es el Comunismo? (México: Ediciones Botas, 1936), 91.

30 "Mussolini tiene tres cualidades que lo elevan sobre todos los hombres de públicos de nuestros tiempos: su poder de reconcentración mental, su audacia y la extraordinaria frmeza de carácter [...]. El dictador romano es un verdadero conductor de pueblos y el primero, desde Napoleón, que sobrepasa las fronteras de su propio país para llevar al exterior los principios de su política". Gerardo Murillo, "Benito Mussolini", Excélsior, Ciudad de México, 21 de septiembre 1935, en La defensa de Italia en México por el Dr. Atl (México: Edición de la Colonia Italiana, 1936), 43-44.

31 Franco Savarino, México e Italia, 95-121.

32 Ya en 1936 en un informe de la Embajada se señalaban las "simpatías de Vargas por Italia y su solidaridad moral [...] con el régimen fascista". Cantalupo a Ciano, Río de Janeiro,12 de junio 1936, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 4, doc. 720, 792. Para contextualizar el varguismo es imprescindible la lectura de Daryle Williams, Culture Wars in Brazil: The First Vargas Regime, 1930-1945 (Durham: Duke University Press, 2001).

33 Mario Da Silva, "Il nuovo regime brasiliano", Critica Fascista, XVI: 4 (diciembre 1937): 58-60. En los Estados Unidos además "la prensa [...] se puso a gritar histéricamente que Brasil se había vuelto fascista". Suvich a Ciano, Washington, 12 de noviembre 1937, en Gianluca André, comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 7, doc. 557, 658-660.

34 Benito Mussolini, "Europa e fascismo", Il Popolo d'Italia, Roma, 6 de octubre, 1937.

35 Ciano llegó a calificar Brasil como "una especie de longa manus de los Estados Unidos" en Sudamérica. Ciano a Lojacono, Roma, 26 de abril 1937, en Gianluca André comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 6, doc. 515, 650-651.

36 Véase por ejemplo la entrada "Brasil" en la "Enciclopedia Italiana" (supplemento 1938), 315, donde es criticada la renuencia de Vargas a formar un partido político, condición esencial para concretar un "parentesco formal" de su régimen con el fascismo. Cfr. también Vinicio Araldi, Il Brasile sotto la presidenza di Getulio Vargas (Rio de Janeiro: s. e., 1937); André Carrazzoni, Getulio Vargas (Padova: CEDAM, 1941); y Roberto Cantalupo, Brasile Euro-americano (Milano: ISPI, 1941).

37 Las esperanzas iniciales de Ciano después del golpe de noviembre disminuyeron rápidamente en cuanto se vio que Vargas se mostraba cauteloso y falto de "coraje fascista" en la construcción del Estado Novo: Galeazzo Ciano, Diario 1937-1943 (Milano: Rizzoli, 1999), 56, 59 y 120. Las relaciones brasileñas con la Italia fascista, siempre matizadas por dudas e incertidumbres y por el dilema de apoyar o no a Vargas o a Salgado, comenzaron a enfriase entre marzo y mayo de 1938, en consecuencia de la represión desencadenada contra la AIB y la vigilancia puesta a las colonias italianas sospechosas de simpatías con ella. Sobre este tema véase Mario Toscano, "Il fascismo e l'Estado Novo", en L'emigrazione italiana in Brasile, 1800-1978, ed. Renzo De Felice (Torino: Fondazione G. Agnelli, 1980), 235-270; Marco Mugnaini, L'Italia, 222-227; y Amado Luíz Cervo, Le relazioni diplomatiche fra Italia e Brasile dal 1861 ad oggi (Torino: Fondazione G. Agnelli, 1994), 129-154.

38 Antonio Aroni Prado, 1922 -Itinerário de una falsa vanguarda. Os disidentes, a Semana e o Integralismo (San Pablo: Brasiliense, 1983), 46-47.

39 Antonio Aroni Prado, 1922, 41.

40 Cit. en Hélgio Trinidade, Integralismo. O fascismo brasileiro na década de 30 (San Pablo-Río de Janeiro: Difel, 1979), 5 y ss.

41 Hélgio Trinidade, Integralismo, 75.

42 Hélgio Trinidade, Integralismo, 75.

43 Plinio Salgado, "A Federaçao e o Sufragio", A Razao, San Pablo, 3 de febrero, 1931.

44 Sandra McGee Deutsch, Las derechas, 248.

45 Cfr. Joao Fábio Bertonha, O Fascismo e os inmigrantes italianos no Brasil (Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001).

46 Cfr. Emilio Gentile, Il culto del littorio. La sacralizzazione Della politica nell'Italia fascista (Roma-Bari: Laterza, 1993).

47 Roger Grifn, The Nature, 151.

48 Gustavo Barroso, O Integralismo e o Mundo (Río de Janeiro: Civilizaçao Brasileira, 1936), 15.

49 "Mutamento di regime in Brasile", en Autores Varios, Annuario di Politica Internazionale (1937) (Milano, ISPI, 1938), 354-358, aquí 357.

50 Joao Fábio Bertonha, O Fascismo, 69.

51 Archivio Storico del Ministero degli Afari Esteri (ASMAE), Afari Politici (AP) 1937-40, Situazione Paesi, Quaderni Segreti, Quaderno 9 (Brasile). Situazione politica nel 1937, 2.

52 Ciano a Lojacono, Roma, 26 de abril 1937, en Gianluca André comp., DDI, s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, Vol. 6, doc. 515, 649-654. Ciano esperó inicialmente que la AIB serviría "para la labor de divulgación y difusión de las ideas del Fascismo entre los diversos estratos de la población" (654). Sin embargo prevaleció la cautela y el programa de la AIB fue considerado "una copia mal hecha del Fascismo italiano". Relazione riservata del MAE, "Movimenti fascisti esteri" (1934), cit. en Renzo Santinon, I fasci italiani all'estero (Roma: Settimo Sigillo, 1991), 135. Sobre las relaciones Italia-AIB véase también Angelo Trento, "Relaçoes entre fascismo e integralismo: o ponto de vista do Ministério dos Negocios Estrangeiros italiano", Ciencia e Cultura XXXIV: 12 (1982): 1601-1613; y Ricardo Seitenfus, "Ideology and Diplomacy: Italian Fascism and Brazil (1935-1938)", Hispanic American Historical Review LXIV: 3 (1984): 503-534. Joao Fábio Bertonha señala que la AIB era también vista como un centro de reclutamiento político de los descendientes de italianos en función pro-fascista y proItalia. En Joao Fábio Bertonha, "O Brasil, os inmigrantes italianos e a política externa fascista, 1922-1943", Revista Brasileira de Política Internacional 40: 2 (1997): 106-130, pero la integración, por su lado, contrastaba con el objetivo de mantener la italianidad (Amado Luíz Cervo, Le relazioni, 147).

53 Renzo Santinon, I fasci, 129-197. En este largo documento, preparado en 1934 por encargo del MAE, son descritos los diferentes grupos de Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Panamá y Perú (sin embargo, falta México). Ninguno de estos se merece el calificativo de "fascista" y peor, son descritos como faltos de programas, de espíritu, de liderazgo y de capacidad política. Con la excepción de la AIB y del pequeño Partido Fascista de Chile, todos estos grupos supuestamente fascistas son criticados duramente o simplemente ignorados. Consideraciones idénticas se merecen los movimientos mexicanos (la ARM o "Camisas doradas" y el Partido Social Democrático de México) en otros documentos oficiales: cfr. Franco Savarino, México e Italia; y Franco Savarino, "Apuntes sobre el fascismo", 108. Véase también Stanley Payne, Il Fascismo, 345-354 y Mario Da Silva (ya mencionado anteriormente) quien encuentra "en estos "fascismos" una gran confusión de ideas [...] y, en general, muy poca visión verdaderamente fascista, romana, de la realidad" (Mario Da Silva, "'Fascismi' latino-americani", 46).

54 "Cuando en el mes de agosto los llamados 'Camisas Doradas' [...] que alguien estúpidamente creía incluso poder defnir como los Fascistas de México [...] volvió a llamar la atención [...] el Gobierno procedió tranquilamente a su disolución [...]. Los 'Camisas Doradas' desaparecieron sin gloria de la escena política, como sin gloria habían vivido". ASMAE, AP 1937-40, Situazione Paesi, Quaderni Segreti, Quaderno segreto No 43 (Messico), Situazione politica nel 1935-36, 9.

55 Cfr. Eugenia Scarzanella, "Il fascismo italiano in Argentina: al servizio degli afari", en Eugenia Scarzanella (ed.) Fascisti in Sud America, 113-174, aquí 133. Un informe diplomático señala (1937) que "los grupos nacionalistas de tendencia fascista son: la 'Legión Cívica Argentina' [...]; el 'Partido Fascista Argentino', organización que cuenta pocos inscritos y es dirigida por personas de buena fe pero de escaso nivel y sin prestigio; la 'Federación Fascista de la Provincia de Santa Fe' [...]; la 'Defensa Social Argentina', compuesta en su mayoría por funcionarios de policía jubilados, altos oficiales y jueces jubilados [...]; la 'Acción Nacionalista Argentina' que tiene su sede en Buenos Aires y Mendoza y un periodiquillo (Aduna) pero entre todo cuenta con menos de mil adherentes y de 'acción' solo tiene el nombre. 'Restauración' es un nuevo grupo formado en 1937 con muchos buenos propósitos pero ninguna posibilidad de confar en las personas que lo integran para realizarlos. La agrupación 'Nacionalismo argentino' que es un nombre sin sustancia [...]. [...Todas estas organizaciones adolecen] de unidad de acción, de coordinación, de desinterés y capacidad organizativa de los jefes, de espíritu de sacrificio y de voluntad de acción de los militantes": ASMAE, AP 1937-40, Situazione Paesi, Quaderni Segreti, Quaderno No 5 (Argentina), Situazione politica nel 1937, 9-10. Opiniones negativas italianas sobre la Legión Cívica son también señaladas por Marcus Klein, "The Legión Cívica Argentina and the Radicalization of Argentine Nacionalismo during the Década Infame", Estudios Interdisciplinarios de América Latina y el Caribe 13: 2 (julio-diciembre 2002), http://www.tau.ac.il/eial/XIII_2/klein.html (fecha de consulta: mayo 2008).

56 Franco Savarino, México e Italia, 116-118 y passim.

57 ASMAE, AP 1937-40, Situazione Paesi, Quaderni Segreti, Quaderno No 12 (Cile), Situazione politica nel 1937, 11. Este movimiento hacia la izquierda es analizado por Mario Sznajder en "El Movimiento Nacional Socialista: Nacismo a la chilena", Estudios Interdisciplinarios de América Latina y el Caribe 1: 1 (enero-junio 1990), http://www.tau.ac.il/eial/I_1/sznajder.htm (fecha de consulta: mayo 2008).

Fonte: Scielo
Texto: JOGO DE ILUSÕES: BRASIL, MÉXICO E OS "FASCISMOS" LATINOAMERICANOS FRENTE AO FASCISMO ITALIANO*
Autor: Franco Savarino
http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-16172009000100009&script=sci_arttext
Tradução: Roberto Lucena
Post do dia: 1 de mar de 2013

Ver:
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 01
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 03

Ver também:
O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 1
O Partido Alemão Nacional-Socialista na Argentina, Brasil e Chile frente às comunidades alemãs: 1933-1939 - parte 01

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