terça-feira, 24 de novembro de 2015

Paul Preston: "Franco pensava que o mundo era regido por um superestado maçônico"

O historiador e hispanista britânico (d), conversa com o reitor da Universidade de Estremadura, Segundo Píriz (i),
e com o presidente estremenho, Guillermo Fernández Vara (c), antes de ser investido Doutor Honoris Causa
num ato celebrado na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Estremadura. EFE/Esteban Martinena

CÁCERES.- O historiador e hispanista britânico Paul Preston foi investido como doctor honoris causa pela Universidade de Estremadura, onde afirmou que o ditador tinha "aspectos bastante cômicos", como o fato de que acreditava que "Paulo VI era um bolchevique".

"Pensava que o mundo era regido por um superestado maçônico, que não se sabia se estava na Lua ou debaixo do Atlântico", acrescentou em tom irônico durante sua conferência como doutor honoris causa pela Universidade estremenha (Uex).

Ante um abarrotado Paraninfo da Faculdade de Filosofia e Letras, no Campus de Cáceres, Preston recorreu a sua vinculação com a Espanha e com sua história, entre a que se situa a biografia que elaborou sob o título "Franco: Caudillo de España" ("Franco: Caudilho da Espanha").

Relatou que quando recebeu o encargo desta obra, tinha "a impressão de que a figura de Franco era tão tediosa, tão odiosa", que não lhe interessaria". Contudo, uma vez iniciada, se "enganchou", pois, entre outros motivos, "Franco era, pessoalmente falando, um enigma mas com aspectos bastante cômicos".

Seu discurso, seguido pelo reitor da UEx, Segundo Píriz, e o presidente da Junta de Estremadura, Guillermo Fernández Vara, entre outras autoridades, também serviu para conhecer sua relação com Estremadura, "uma terra" com a qual mantém "importantes laços pessoais e profissionais".
"Estremadura significa para mim a Guerra Civil e o sofrimento do povo espanhol"
De fato, sua relação com a Espanha começou nos fins dos anos 60, e "minha primeira viagem - revelou - foi a esta terra". Estremadura significa para mim a Guerra Civil e o sofrimento do povo espanhol", afirmou o historiador londrino, a quem em seu começo como historiador decidiu aproximar seus interesses pela Segunda Guerra Mundial pelo da Guerra Civil espanhola, a mercê do trabalho do professor Hugh Thomas.

"Pareceu-me mais fascinante" que qualquer outro tema que até então havia estudado, acrescentou, e que desvelou que o sentido do humor dos espanhóis e sua gastronomia foram elementos que influíram na hora de adentrar na História da Espanha.

Desde um prisma acadêmico, Presto assegurou que a UEx goza de uma "muito merecida e crescente reputação internacional, pelo qual é um privilégio poder se considerar uma pequena parte dela".

Píriz destacou a trajetória acadêmica "sólida e excelsa" de Preston, cuja obra qualificou como "extensa, profunda, influente e sugestiva". "Repassa de maneira crítica e fundada o devir de todo um século da vida na Espanha", acrescentou.

Na sua concepção, "os espanhóis de hoje estão em dúvida com seu retrato de nosso imediato passado". Também o presidente estremenho disse palavras de elogio para Preston, "um mestre dos historiadores", um conhecedor "dos sofrimentos desta terra e também os esforços que se há feito por aqui pela recuperação da memória histórica". "Estamos convencidos de que a melhor maneira de recuperar a história é contá-la", acrescentou Vara.

Fonte: Público/EFE (Espanha)
http://www.publico.es/politica/preston-franco-pensaba-mundo-regido.html
Título original: Preston: "Franco pensaba que el mundo estaba regido por un superestado masónico"
Tradução: Roberto Lucena

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